A 81ª cerimônia de entrega do Oscar, que acontece neste domingo (22) em Los Angeles, tem pelo menos dois aspectos curiosos. O primeiro por ter caído no domingo de Carnaval no Brasil, o que poderá contribuir para que a propaganda gerada tenha efeito limitado no público nacional, solto na folia, isolado em retiros ou simplesmente sem acesso à TV paga (canal TNT exibe, TV aberta não mostra ao vivo). Em segundo lugar, tudo indica que este ano Hollywood, a mais rica indústria de cinema do mundo (em poder e dinheiro), poderá estar dando um chapéu na Bollywood indiana, a maior indústria de filmes do mundo (em quantidade), com a vitória há muito anunciada de Quem quer ser um milionário? (Slumdog Millionaire), filme do inglês Danny Boyle.
Quem quer ser um milionário? é o grande favorito
A vitória de Slumdog Millionaire é tão certa quanto o prêmio para o falecido Heath Ledger (Ator Coadjuvante), por seu último filme concluído, Batman – Cavaleiro das Trevas (Batman – The Dark Knight), no papel do Coringa. Slumdog vem papando tudo o que é troféu como nenhum filme antes na chamada "temporada de prêmios" dos últimos dois meses. Levou o Globo de Ouro, o Bafta (Oscar inglês), os prêmios das associações de fotografia, roteiristas, som e montagem. É um grande sucesso nas bilheterias internacionais, especialmente para um filme de pequeno porte (custou US$ 15 milhões). Prepara-se para chegar às salas brasileiras 6 de março, com pré-estréias carnavalescas neste fim de semana.
O filme concorre a dez prêmios (Fotografia, Montagem, Trilha Original, Canção Original – duas músicas –, Som, Montagem de Som, Roteiro, Diretor e Filme). Com a (falsa) aparência de um artesanato do terceiro mundo, estética de comercial para bebida energizante e uma estrutura espertalhona escondida num roteiro hollywoodiano, o filme de Boyle (Trainspotting, A praia, Extermínio, Sunshine) é o perfeito bombom pseudo-artístico para as sensibilidades de uma Academia que deverá escolhê-lo para fugir dos mesmos dramas caucasianos de sempre, narrados no que seria uma rotação tida como normal.
Temos os obrigatórios dramas de Holocausto onde destaca-se sempre a capacidade que o ser humano tem de se superar (O leitor, Um ato de liberdade), há reflexões sobre a vida (O curioso caso de Benjamin Button, Dúvida, O lutador) e temos retratos político-histórico-pessoais de variadas densidades, que expõem os nomes dos seus objetos nas marquises (Milk, Frost/Nixon). Entre filmes ruins e outros bem feitos, nenhum deles tem o fator exótico do filme de Boyle, que destaca-se como um olho inchado do lote 2009.
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