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terça-feira, 7 de junho de 2011

“DIGITADORES DE LUXO”

Fim da obrigatoriedade do diploma em jornalismo completa dois anos
Fernando Borges

Por oito votos a um, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram na sessão de 17 de junho de 2009 que o diploma de jornalismo não era mais obrigatório para exercer a profissão. O tema ainda gera muita polêmica no meio acadêmico, porém estudantes tem se mostrado confiantes quando o assunto é mercado de trabalho.
A questão da obrigatoriedade do diploma já vem sendo debatida há muito tempo. Um dos motivos da discussão é o aumento de cursos na área e a perda de qualidade na formação do aluno. Segundo o Ministério da Educação e Cultura (MEC), em 1990 eram 100 os cursos de comunicação com habilitação em jornalismo em todo o Brasil, hoje esse número ultrapassa 400. Para Mirna Tonus, professora de jornalismo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e vice-presidente do Fórum Nacional dos Professores de Jornalismo (FNPJ), o boom nos cursos de comunicação enfraqueceu os conhecimentos teóricos, profissionais e éticos dos jornalistas formados:
“Eu sou a favor do diploma, mas não pelo diploma em si, pois é preciso de discussão em sala de aula para que o profissional seja ponderado e observe o poder de suas decisões. Senão todos os formados acabarão sendo meros digitadores de luxo”, disse durante o V Encontro de Professores de Jornalismo, realizado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) no dia 27 de maio.
Já para Leonel Azevedo de Aguiar, coordenador do curso de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC Rio), é preciso uma qualificação adequada para o jornalista conseguir se inserir no mercado de trabalho.
“A formação nunca termina: é preciso se especializar e se atualizar o tempo todo”, diz.
Estudantes tem se mostrado confiantes em relação ao assunto. Thalita Hora, aluna do 5° período de jornalismo da UERJ, acredita que “os sem-diplomas” não tomarão sua vaga no mercado de trabalho quando formada:
“Qualidade ainda é melhor que quantidade, principalmente quando estamos falando de jornalismo”.
No entanto, recém graduados tem outra visão sobre o fim da exigência do diploma. Luis Costa, formado há um ano pela PUC-Rio, é a favor do fim da obrigatoriedade. Para ele, que atualmente trabalha na assessoria de imprensa do Instituto Federal do Rio de Janeiro, a faculdade de comunicação traz sim uma formação humanística, mas essa também é adquirida em cursos como história e economia.
“O que fará uma pessoa ser ou não jornalista é sua paixão em buscar a notícia”, explica.
Já a técnica-administrativa, Juliana Calmon, formada há um ano e meio pela Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA), é a favor de que o diploma volte a ser exigido:
“O próprio governo é favorável à obrigatoriedade. Quase todos os editais de concursos públicos fazem a exigência do diploma”.
Os deputados de Alagoas tiveram a mesma opinião de Juliana, quando por unanimidade (21 votos), o plenário da Assembléia Legislativa do estado derrubou no dia 10 de maio, o veto governamental ao projeto de lei que proibia a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista em repartições públicas do estado.
O projeto de lei, de autoria do deputado Judson Cabral (PT), foi aprovado também por unanimidade pelos deputados no ano passado.