Matéria: Áurea Xavier, Fernando Borges, Lina Soares, Robson Hidalgo, Thaís Gomes
Nova previsão para começar a funcionar o tão esperado Restaurante Universitário (RU) da UERJ: início do ano letivo de 2011. As informações foram passadas pelo prefeito dos Campi, professor Ivair Machado. Segundo o prefeito, após alguns atrasos nas obras do “bandejão”, a empresa responsável pela montagem do local se comprometeu a entregá-lo pronto para uso em fevereiro de 2011.
Equipamentos para o Restaurante Universitário da UERJ no local onde funcionará o "bandejão"
A outra etapa para a implantação do Restaurante também depende de licitação. A UERJ precisa contratar a empresa que irá fornecer os alimentos e operar o “bandejão”.O professor Ivair diz que o projeto está pronto e que a prefeitura dependia apenas da garantia de que o local fosse entregue para iniciar a nova licitação, afinal, não há como servir comida sem ter o lugar para fazê-lo. Ele diz que o edital para a contratação da empresa deve ser publicado no mês de janeiro, em três jornais de ampla divulgação e no Diário Oficial do Estado. Todo o processo deve durar em torno de 40 dias, já atendendo aos alunos no início do ano letivo.
Ainda não se sabe quanto os alunos pagarão pela refeição e se o RU irá atender somente aos estudantes ou também a funcionários. Tudo dependerá da empresa ganhadora e dos custos apresentados. Das três universidades federais no estado do Rio de Janeiro que já possuem bandejões implantados, a UFF possui a refeição mais acessível, custando tanto a alunos quanto a funcionários R$ 0,70; a UFRRJ cobra de seus alunos R$ 1,40 e dos funcionários R$4,50; a UFRJ cobra R$ 2,00 dos alunos e R$ 6,00 dos funcionários.
O RU contará com uma área de 1350 m², no prédio onde funcionam o banco Itaú e o Centro Cultural da Universidade, e oferecerá 5 mil refeições diárias, sendo 2500 no almoço e 2500 no jantar. Todo o projeto nutricional foi desenvolvido pelo Instituto de Nutrição da própria Universidade, atendo-se à preocupação com uma alimentação saudável e balanceada para seus alunos. O prato será constituído por arroz, branco ou integral, feijão, salada – servida à vontade - , guarnição, carne, suco e sobremesa, permitindo-se frituras apenas uma vez na semana.
O restaurante terá 364 lugares disponíveis, dois deles destinados a portadores de necessidades especiais, que terão uma entrada exclusiva no refeitório. A estimativa é que a cada 30 minutos haja um rodízio entre as pessoas. As refeições serão divididas em dois horários, com duração de três horas cada: das 11h às 14h e das 17h às 20h. Espera-se também que o espaço sirva como importante campo de estágio, pesquisa e nutrição para alunos do curso de Nutrição e outras carreiras.
O engenheiro Paulo César, contratado pela empresa Cozil, que é responsável pelo fornecimento de equipamentos de cozinha e pelas obras, atribui o atraso da entrega do RU a divergências entre o edital e às demandas reais do projeto. Ele diz que as obras começaram assim que UERJ e Cozil assinaram o contrato, em agosto de 2009. O primeiro entrave, que durou até março de 2010, segundo ele, teria relação com um possível questionamento pelo Ministério Público sobre a compra de forno importado, de elevado preço.
Entrada para o canteiro de obras do "bandejão"
Resolvida a questão, a Cozil teria constatado a necessidade de aditivos materiais para a obra, para atender aos parâmetros de demanda do RU, investindo antecipadamente R$1.400.000,00, gerando uma discussão e impasse que duraram até outubro de 2010, quando finalmente houve a liberação da verba para os aditivos pela Universidade. Na data em que conversou com nossa equipe, Paulo César previa que entregaria o restaurante pronto para funcionar, com todos osequipamentos devidamente instalados e testados, até o fim do ano de 2010. No entanto, em vários setores da prefeitura dos Campi, a informação que obtivemos é que a previsão de entrega é fevereiro de 2011.
Contudo, questionado sobre as colocações do engenheiro da Cozil, o professor Ivair negou intervenções do MPE, informando que inicialmente a empresa havia perdido o processo licitatório e recorreu da decisão, conseguindo ao final contratar com a Universidade. Desde então, as dificuldades para a realização do projeto foram surgindo, gerando a morosidade por parte da empresa em algumas fases da obra, o que a esta altura do campeonato já deve ter se resolvido, com a liberação dos termos aditivos pela UERJ.
Poucos trabalhadores nas obras do bandejão da UERJ
O “bandejão” é uma luta antiga dos alunos da UERJ, que tem suas origens na década de 1980. Em setembro de 2008, em apoio à greve dos professores, alunos ocuparam a Reitoria, tendo como uma de suas reivindicações o andamento do processo licitatório para o RU. Após 20 dias de ocupação, foi assinado acordo entre os alunos e a Administração Central da Universidade. No entanto, a licitação só saiu do papel em julho/agosto de 2009. Toda a demora no processo e ainda o atraso nas obras deixam os alunos e até mesmo funcionários um tanto quanto descrentes em relação às promessas de inauguração do “bandejão”. Até os seguranças, por quem tínhamos que passar para fotografar as obras, demonstravam curiosidade e desconfiança sobre a conclusão do projeto.
Mesmo pela internet, os alunos questionam a falta de notícias sobre a construção do “bandejão”. Existe um tópico criado especialmente para o assunto na comunidade da universidade no Orkut, onde alguns falam com esperança e outros fazem piada. Alguns acreditam que a questão é econômica - falta dinheiro para a construção e manutenção - outros acham que a burocracia seja o principal fator que atrapalha no andamento do projeto. As questões economia de dinheiro e qualidade na alimentação aparecem em primeiro lugar nas entrevistas como os maiores benefícios do bandejão.
O aluno Diedro Barros, integrante do Cacos (Centro Acadêmico de Comunicação Social) diz que “o bandejão é uma reivindicação histórica dos estudantes da UERJ, como um dos pontos principais das políticas de permanência para o pessoal de baixa renda. Quase todas as universidades ou Centros Universitários geridos pela iniciativa pública tem seus RU's, o que é uma forma de manter a comunidade acadêmica mais próxima no que diz respeito ao tripé ensino-pesquisa-extensão.”
Informativo da década de 90 fala sobre a promessa do Bandejão da UERJ
Depois de tantas promessas e nenhum resultado prático, Renan Massoto, aluno do 3º período de Jornalismo da Universidade, considera que “o restaurante universitário seria ideal para oferecer comida saudável por um preço razoável”, mas alerta sobre a demora da concretização do projeto,“é importante que saia logo do papel!”
Aluno de economia e diretor do DCE da UERJ, Alan Scarpari conta que o valor da refeição para alunos cotistas não será o mesmo pago pelos outros alunos. “Vai ter um subsídio do governo do estado para os estudantes cotistas, o governo pagará uma parte do prato universitário e o estudante cotista outra.” Alan ainda diz que a ideia é que “o acesso ao Restaurante universitário só seja permitido aos que possuírem um cartão magnético, que identificará se a pessoa faz ou não parte da UERJ.”
A expectativa é que ao fim da obra no campus Maracanã, construam-se em outros campi da UERJ mais restaurantes universitários. “O Reitor pretende construir um restaurante na Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (FEBF). Já fizemos um estudo preliminar e possivelmente no segundo semestre imaginamos que possamos iniciar os trabalhos, desde que exista disponibilidade financeira”, declararam as professoras Daisy Wolkoff e Patrícia Perez na edição do 3º trimestre de 2010 do jornal institucional UERJ Em Questão. Pretende-se também construir um restaurante na Faculdade de Formação de Professores (FFP), em São Gonçalo.