Documentário traz de volta a saudosa TV Manchete - Confira o Teaser

domingo, 15 de março de 2009

MEMÓRIA DA TV - PROGRAMAS: SAI DE BAIXO

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Redação final: Cláudio Paiva
Direção: Daniel Filho, Dennis Carvalho, José Wilker, Jorge Fernando, Cininha de Paula
Período de exibição: 31/03/1996-31/03/2002
Horário: aos domingos, 22h30

- Em 1996, o ator Luis Gustavo apresentou ao diretor Daniel Filho uma antiga idéia: um programa de televisão gravado ao vivo em um teatro, com platéia. A atração deveria incorporar todos os imprevistos e improvisos que podem ocorrer na encenação de uma peça, assim como aconteciam em programas de quando a TV era feita ao vivo. A estrutura seria a de um sitcom, estrelado pelos integrantes de uma família de classe média paulista, sua empregada doméstica e o porteiro do prédio. Daniel Filho, que trabalhava como produtor independente na época, conta que chegou a oferecer o projeto ao SBT, mas a proposta foi recusada. A TV Globo acreditou na idéia e, em 1996, o Sai de baixo iniciou uma trajetória de seis anos de sucesso nas noites de domingo.
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- A equipe de redação contava com Miguel Falabella, Maria Carmem Barbosa, Noemi Marinho, Flávio de Souza e José Antônio de Souza. O programa era dirigido por Daniel Filho, e as gravações eram realizadas em São Paulo, no Teatro Procópio Ferreira, para uma platéia de 700 pessoas. O cenário era simples: a sala de um apartamento em um edifício localizado no Largo do Arouche, na cidade de São Paulo. O maestro Caçulinha tocava vinhetas instrumentais ao vivo durante os episódios.
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- O apartamento pertencia ao microempresário Vanderley Matias, o Vavá (Luis Gustavo), um homem ao mesmo tempo ingênuo e empreendedor, cheio de idéias que já nasciam destinadas ao fracasso. Para sustentar os parentes que moram com ele e vivem às suas custas, Vavá tentava emplacar, com resultados sempre desastrosos, empresas que tinham como sede o próprio apartamento, mas que nunca conseguiam satisfazer um único cliente. Foram criadas, assim, a agência de viagens VavaTour, a funerária Vavatumba, o lava-jato Lavavá Melhor, a petroquímica Vavóil e a agência de talentos Vavatores.
- Vavá procurava resistir às investidas de seus agregados, que tentavam se aproveitar de sua boa-vontade, mas era invariavelmente vítima dos abusos da sua irmã Cassandra (Aracy Balabanian), da sobrinha Magda (Marisa Orth) e do marido dela, Caco Antibes (Miguel Falabella).
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- Cassandra era uma socialite decadente, que não conseguia aceitar que seus dias de prosperidade terminaram com a morte do marido, um oficial de alta patente da aeronáutica. Vivendo de aparências, seu passatempo predileto era roubar o cartão de crédito do irmão para fazer compras. Cassandra gastava sempre muito mais do que podia e encarava qualquer humilhação para continuar a freqüentar o mundo da alta sociedade. Nas raras vezes em que Vavá reunia forças para expulsar de casa a irmã, ela apelava para a chantagem emocional e conseguia ser perdoada.
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- Magda, filha de Cassandra, era uma mulher bonita, de grande coração, mas dotada de pouca inteligência. Ela, porém, não se dava conta disso. Era capaz de dizer coisas como “Águas passadas não mordem maminhas”, “Em briga de marido e colher, não se mete na mulher” ou, mesmo, “Todos os animais são seres romanos”. Embora sua burrice costumasse constranger e irritar a todos ao seu redor, ela vivia quase sempre feliz, envolta na sua ignorância abissal e no amor cego que cultivava pelo marido, com quem costumava praticar a misteriosa posição sexual conhecida por “canguru perneta”.
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- Carlos Vasconcellos Antibes, o Caco, também amava a mulher, mas isso não o impedia de repetir exasperado o bordão “Cala a boca, Magda!”, a cada vez que ela dizia uma bobagem. Sempre muito bem vestido, ele gostava de se descrever como “um loiro nórdico, alto, de olhos azuis”, mas era um espertalhão sem-caráter, que vivia pendurado em dívidas ou tentando aplicar um golpe – em cima de Vavá, sua vítima principal – para se dar bem. “Eu joguei pedra na cruz”, costumava reclamar, olhando em volta e percebendo que não estava em algum país da Europa, com o bolso cheio de dinheiro e desfrutando do bom e do melhor. O fato de que não fazia absolutamente nada para alcançar essa meta, para ele, soava como um mero detalhe.
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- Sai de baixo foi a primeira experiência de Miguel Falabella como comediante na televisão. Com uma carreira bem-sucedida como ator e autor de comédias no teatro, ele havia sido convidado, inicialmente, para participar da equipe de redatores que criaria o perfil dos personagens de Sai de baixo.
- Pelo apartamento de Vavá, também circulavam Edileuza (Cláudia Jimenez) e seu noivo Ribamar (Tom Cavalcante). Edileuza era a empregada mal-humorada e sem papas na língua, que trocava insultos diários com os “novos pobres”, como ela se referia aos parentes de Vavá, e estava sempre pronta a ajudar o patrão em qualquer plano para despejá-los.
- Ribamar, noivo de Edileuza, era o porteiro lunático que, graças a uma placa de alumínio implantada na cabeça, sintonizava estações de rádio e mudava de personalidade em questão de segundos. A tal placa era a forma que os roteiristas encontraram para que Tom Cavalcante pudesse dar vazão ao seu talento de imitador.
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Com o tempo, inclusive, o implante deixou de ser mencionado: Tom Cavalcante simplesmente intercalava suas falas com imitações de jornalistas, apresentadores, locutores de futebol, atores e até personagens de outros programas de humor, para delírio da platéia.
- As tramas de Sai de baixo, em geral, eram situações farsescas vividas pelos personagens principais e, eventualmente, por alguns personagens secundários, também interpretados pelo elenco do programa. No mesmo episódio, Miguel Falabella podia viver Caco Antibes e sua mãe, Dona Caca, recém-chegada do interior de Minas, enquanto Tom Cavalcante podia aproveitar um personagem extra para explorar seu talento de criador de tipos.
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- O programa contava também com participações especiais. Em seis anos de exibição, diversos atores visitaram o apartamento de Vavá. Entre eles, Rodrigo Santoro, Tato Gabus Mendes, Hérson Capri, Dirce Migliaccio, Dercy Gonçalves, Guilherme Karan, Laura Cardoso, Antônio Calloni, Natália do Valle, Tonico Pereira, Maitê Proença, Luís Salém, Francisco Cuoco, Lima Duarte, Arlete Salles, Diogo Vilela, Suzana Vieira, Cláudia Raia e Edson Celulari e os cantores Milton Nascimento e Rita Lee.
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- Uma das marcas do Sai de baixo era o improviso constante dos atores durante os episódios. Eles podiam se dirigir às pessoas da platéia e aos integrantes da equipe técnica, ou mesmo provocar o companheiro de cena. Miguel Falabella era um especialista nisso. Nas discussões entre Caco Antibes e Cassandra, por exemplo, ele podia dizer os maiores absurdos para Aracy Balabanian, ou simplesmente a beijar na boca. Aracy Balabanian contou que vivia explicando às pessoas que essas loucuras eram apenas improviso, e que, longe das câmeras, os dois eram amigos.
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- Os comentários debochados de Caco Antibes sobre os pobres, que ele odiava com fervor, também começaram como pequenos improvisos fora do script. Em pouco tempo, essas falas caíram nas graças do público. “A coisa que pobre mais gosta na vida é de máquina fotográfica. Quando você menos espera, eles tiram uma máquina de algum lugar e fotografam tudo. É um bando de pobre no piquenique! É pobre na frente de mesinha de bolo de aniversário. E quando vê artista, que ‘glomera’? Eu tenho horror a pobre!”, dizia Caco.
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- Cada episódio de Sai de baixo era gravado em duas sessões, e a edição final privilegiava os melhores momentos. Várias das ocasiões em que os atores erravam o texto, ou mesmo a marcação das cenas, resultavam tão divertidas para o público que lotava o Teatro Procópio Ferreira, que os deslizes acabavam indo ao ar. O programa passou a terminar com uma edição especial desses momentos, exibida pouco antes dos créditos finais.
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- Em 1997, ao ser integrado ao Núcleo Daniel Filho, o programa passou por algumas modificações. Dennis Carvalho e José Wilker assumiram a direção, e Cláudia Jimenez deixou o elenco. O lugar de Edileuza foi ocupado pela diarista Lucineide, personagem interpretado por Ilana Kaplan e, algumas semanas depois, por Márcia Cabrita. A diarista, que depois se tornou empregada de Vavá, era sexy e desajeitada ao mesmo tempo. Além da sala do apartamento, o cenário do programa ganhou também uma cozinha.
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- Caco e Magda tiveram um filho na temporada de 1999. Com a chegada de Caquinho (Lucas Hornos), Magda se tornou ainda mais filosófica, a despeito de toda a sua ignorância, e Caco ficou mais egoísta e relapso. Sai de baixo foi incorporado pelo Núcleo Dennis Carvalho, e continuou sob a direção de José Wilker. Ainda naquele ano, Tom Cavalcante deixou o programa, para estrelar seu próprio humorístico, o Megatom.
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- Quando Sai de Baixo completou cinco anos no ar, no ano 2000, o cenário das histórias passou a ser o restaurante Arouche’s place, e dois novos personagens estrearam em cena: Pereira (Ary Fontoura), dono do restaurante e novo sócio de Vavá, um sujeito pão-duro, apaixonado por Cassandra; e Athaíde (Luiz Carlos Tourinho), seu assistente puxa-saco.
- No final do ano, porém, o cenário voltou a ser o apartamento de Vavá. Márcia Cabrita deixou o programa, tirando licença-maternidade, e foi substituída por Cláudia Rodrigues, no papel de Sirene, a nova empregada que trouxe de volta um pouco do espírito mal-humorado e confrontador de Edileuza.
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- Com a saída de Ary Fontoura, em 2001, Athaíde, personagem de Luiz Carlos Tourinho, passou a ser o porteiro do prédio no Largo do Arouche. Naquele ano, pela primeira vez desde a estréia do programa, foram gravadas cenas externas, sob a direção de Jorge Fernando. Em um dos episódios, Caco Antibes e Magda viajaram para Miami, e foram feitos takes na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, para reproduzir a cidade norte-americana. A partir desse ano, o programa passou a ser produzido pelo Núcleo Jorge Fernando.
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- No dia 31 de março de 2002, a TV Globo exibiu o episódio de despedida do Sai de baixo, O último golpe do Arouche, dirigido por Cininha de Paula. Ao todo, mais de 500 mil pessoas passaram pela platéia do teatro durante os seis anos de exibição do programa. A saída do Sai de baixo da grade de programação motivou um protesto dos fãs, que fizeram abaixo-assinados e chegaram a criar um site na Internet pedindo a volta do programa.
- Sai de baixo também foi sucesso em Cabo Verde e em Portugal, onde foi exibido em 2000 e 2001.
- Além de Cláudio Paiva, o programa também contou com a redação de Miguel Falabella, Maria Carmem Barbosa, Noemi Marinho, Flávio de Souza e José Antônio de Souza, Nani, Gilmar Rodrigues, Duba Elia, Bruno Sampaio, Juca Filho, César Cardoso, Elisa Palatnik, Aloísio de Abreu, Lícia Manzo, José de Carvalho, Laerte, entre outros.

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