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sábado, 21 de março de 2009

Criado como ‘filial', grupo palestino Hamas ganhou força com atentados

Grupo surgiu como 'braço armado' da Irmandade Islâmica.
Ajuda aos pobres e negação do Estado Israelense foram bandeiras.
Foto: Mohammed Abed/AFP

Mulheres muçulmanas usam faixas com o emblema do Hamas em passeata a favor do grupo em 2003, na Cidade de Gaza

Após ter vencido as eleições para o Conselho Palestino, em 2006, o grupo palestino Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) passou a ser um dos principais atores no contexto do conflito entre palestinos e Israel no Oriente Médio.

Com histórico de ataques armados e políticas populistas e sem nunca ter reconhecido a existência do Estado de Israel, o Hamas enfrentou uma verdadeira batalha com o partido rival Fatah para não ter a vitória suprimida. Tomou a Faixa de Gaza e conseguiu exercer por lá sua vitória, apesar das pressões de Israel e das potências ocidentais para que abdicasse do poder.

Entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009, o Hamas foi pivô da ofensiva israelense contra a Faixa de Gaza, uma represália pelo lançamento constante de foguetes contra o território israelense. A invasão deixou mais de mil mortos palestinos e destruiu cidades e instalações de governo no território.

Israel reluta em negociar com o grupo, que é considerado terrorista pelos EUA e outras potências internacionais. Todas as negociações são feitas por intermédio do Egito.

Começo

A história do Hamas tem origem na Irmandade Islâmica, movimento fundamentalista estabelecido em 1928, no Egito, e que deu origem a quase todos os movimentos políticos muçulmanos do Oriente Médio. Seu objetivo primordial era estabelecer regimes religiosos nos países. Em 1946 ele abriu uma 'filial' palestina e começou a operar nas principais cidades.


A primeira Intifada ('revolta') palestina, em 1987, deu maior força ao grupo, que decidiu criar uma organização separada apenas para combater os israelenses. Assim foi criado o Hamas. Um de seus fundadores mais famosos e líder espiritual do grupo foi o xeque Ahmed Yassin, que morreu em 2004, aos 66 anos, em um ataque na mesquita em que orava. Muitos de seus financiadores eram ricos homens de negócios muçulmanos que estavam fora da região.


Aos poucos, o grupo começou a ganhar espaço no contexto regional. Percebendo a dificuldade que teriam em atingir objetivos ambiciosos, como o estabelecimento de um estado islâmico palestino, seus líderes adotaram metas de curto prazo, minimizaram a religiosidade no discurso e enfatizaram as medidas sociais. Essas, aliás, foram responsáveis pela fama - e muitas vezes apoio - do grupo entre os palestinos. As áreas mais carentes dos territórios passaram a receber hospitais, escolas e pontos de distribuição de alimentos.

Em 1993, o Hamas elaborou uma 'estratégia' na qual deixava claro que não lutaria fora do território palestino e que a chamada 'guerra santa' seria a principal forma de combate e resistência contra o 'inimigo' - no caso, o Estado de Israel.


Segundo Khaled Hroub, autor de “Hamas – um guia para iniciantes” (ed. Difel), a estrutura hierárquica do grupo é composta basicamente de um Conselho Consultivo, que delimita sobre as estratégias do movimento e que tem membros eleitos por representantes locais. O Conselho, por sua vez, escolhe quem irá compor o Gabinete Político (entre 10 e 20 pessoas) que lida com temas do cotidiano e cria comitês específicos para cada assunto.


Na primeira metade da década de 1990, o Hamas adotou a tática de ataques suicidas, que afirmava serem ações em represália às mortes de civis palestinos. Muitos afirmam que esses atentados são os responsáveis pelas dificuldades em levar adiante o processo de paz com Israel firmado nos Acordos de Oslo, de 1993.

Segundo o livro de Hroub, o primeiro ataque ocorreu em 1994, em retaliação á morte de palestinos que oravam em uma mesquita de Hebrom.

Militante mascarado do Hamas sobe na mesa da sala de segurança, no dia da tomada de Gaza, em 14 de junho de 2007

De acordo com a rede BBC, somente entre fevereiro e março de 2006 o Hamas matou 60 israelenses como vingança pela morte de Yahya Ayyash, o fabrincante de bombas do grupo.

A vitória política

Em 2005, o Hamas tomou a decisão de se candidatar para as eleições do Conselho Palestino, o que causou mudanças no movimento, que precisou se politizar. Nas eleições de 2006, o grupo venceu com quase 60% dos votos, surpreendendo a todos.

Entre os motivos apontados para a derrota do opositor Fatah estavam a corrupção da Autoridade Palestina e as dificuldades no acordo de paz com Israel. Nem as potências ocidentais, nem os israelenses e muito menos o Fatah gostaram da nova situação política e passaram a exigir que o grupo reconhecesse Israel.

Em 2007, as tensões entre o Hamas e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, homem do Fatah, chegaram a um ponto extremo. Em enfrentamentos na Faixa de Gaza, muitos morreram, e o Hamas expulsou apoiadores do Fatah, que fugiram para a Cisjordânia. O resultado foi uma verdadeira divisão política do território palestino, com o Hamas controlando a Faixa de Gaza e o Fatah mantendo o governo da reconhecida Autoridade Palestina sobre a Cisjordânia.

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