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domingo, 8 de fevereiro de 2009

MEMÓRIA DA TV - ARTISTAS: CHACRINHA


osé Abelardo Barbosa de Medeiros nasceu em Surubim, Pernambuco, em 30 de setembro de 1917. Mudou-se com a família para Campina Grande, na Paraíba, quando tinha 10 anos e, aos 17, foi estudar no Recife. Em 1936, entrou para a Faculdade de Medicina, mas não concluiu o curso. Em 1940, foi para o Rio de Janeiro decidido a trabalhar em rádio.

Começou a carreira como locutor na Rádio Tupi. Em 1943, lançou na Rádio Clube Niterói o programa de marchinhas de carnaval Rei Momo na Chacrinha. Fez tanto sucesso que passou a ser conhecido como Abelardo “Chacrinha” Barbosa. Pouco depois, assumiu o apelido como nome artístico.

Durante os anos 1950, trabalhou em várias emissores de rádio apresentando o programa Cassino do Chacrinha, no qual lançou sucessos como Estúpido cupido, de Celly Campello, e Coração de luto, de Teixeirinha. Mesmo depois de se tornar sucesso na TV, Chacrinha nunca abandonou o trabalho em rádio.

A estréia na televisão aconteceu em 1956, na TV Tupi, com o programa Rancho alegre, paródia aos filmes de faroeste, no qual interpretava o xerife. No ano seguinte, começou a apresentar também a Discoteca do Chacrinha, na mesma emissora. No início dos anos 1960, apresentou sua Discoteca na TV Excelsior e na TV Rio, sempre com grande sucesso.
Em julho de 1967, foi contratado pela TV Globo para apresentar dois programas: a Discoteca do Chacrinha, às quartas-feiras, e A hora da buzina, rebatizado em 1970 como Buzina do Chacrinha, aos domingos.

Em dezembro de 1972, Chacrinha voltou para a TV Tupi. Em 1978, mudou-se para a TV Bandeirantes e, em março de 1982, retornou à TV Globo, agora para apresentar nas tardes de sábado o Cassino do Chacrinha, programa de auditório com atrações musicais e show de calouros, com a direção de José Aurélio “Leleco” Barbosa, filho do apresentador, e de Helmar Sérgio.

Em seus programas, o “velho guerreiro”, como também era conhecido, exerceu seu talento único para a comunicação através de uma persona extravagante que o tornou um ícone da televisão brasileira. Até o início dos anos 1960, vestia-se de terno e gravata para apresentar os programas. Depois, passou a se apresentar com figurinos espalhafatosos – o primeiro deles incluía um boné de disc-jóquei e um enorme disco de telefone para pendurar no pescoço – ou fantasiado das coisas mais bizarras, como baiana estilizada, telefone gigante, noiva ou mulher-maravilha.
Durante o programa, fazia soar a buzina de mão que usava para desclassificar os calouros nos concursos que promovia. Tinha o hábito de apontar para o próprio nariz quando queria enfatizar uma de suas frases, ao mesmo tempo debochadas e insólitas, que se tornavam bordões instantâneos, como: “Alô, Terezinha!”, “Quem não se comunica se trumbica”, “Na TV nada se cria, tudo se copia” e “Eu vim para confundir e não para explicar”. O apresentador também distribuía bacalhau, farinha, abacaxis e vegetais para os convidados da platéia.

Os programas de Chacrinha contavam ainda com as chacretes – dançarinas que faziam coreografias durante as atrações e tinham nomes exóticos como Rita Cadillac, Fernanda Terremoto e Fátima Boa Viagem – e com o seu corpo de jurados, do qual fizeram parte figuras marcantes como o produtor musical Carlos Imperial, a cantora Aracy de Almeida, a transformista Rogéria e a atriz Elke Maravilha.

Por conta de seu comportamento anárquico, Chacrinha teve problemas com setores mais conservadores da sociedade e com a Censura Federal. Durante sua primeira passagem pela TV Globo, foi importunado pelos censores que não permitiam que as câmeras mostrassem os corpos das chacretes e procuravam inibir suas brincadeiras, especialmente as frases de duplo sentido. Numa ocasião, o apresentador se sentiu desrespeitado na maneira de ser abordado nos bastidores do programa e chegou a escrever à Censura Federal, reclamando formalmente dos maus-tratos recebido pelos censores.
Todos os anos, Chacrinha lançava marchinhas de carnaval que ficaram famosas. Em 1987, foi homenageado pela Escola de Samba carioca Império Serrano, com o enredo “Com a boca no mundo: quem não se comunica se trumbica”. Chacrinha fechou o desfile, no alto de um carro alegórico, cercado de chacretes e acompanhado da jurada Elke Maravilha e do seu assistente de palco, Russo. No mesmo ano, recebeu do então presidente da República, José Sarney, o grau de comendador.

Em 1988, a saúde de Chacrinha começou a dar sinais de que não ia bem. O humorista João Kléber chegou a apresentar alguns programas em seu lugar. Em junho, o apresentador voltou ao comando do programa, mas, ainda não totalmente reestabelecido fisicamente, precisou da ajuda de João Kléber. O último Cassino do Chacrinha foi ao ar no dia 2 de junho de 1988. Chacrinha faleceu em 30 de junho de 1988, aos 70 anos, vítima de câncer no pulmão.

Chacrinha chegou a trabalhar também como ator nos seguintes filmes: Virou bagunça (1960), Três colegas de batina (1962), Na onda do Iê Iê Iê (1966), 007 ½ no Carnaval (1966), Carnaval barra limpa (1967) Balada de página três (1968), Pobre príncipe encantado (1969), Como vai? Vai bem? (1969), Pais quadrados, filhos avançados (1970), Amor em quatro tempos (1970), Paixão de um homem (1972), Já não se faz amor como antigamente (1976), Aventuras de um paraíba (1982) e Leila Diniz (1987).

Também participou, como ele mesmo, dos filmes Rio à noite (1962), A opinião pública (1967), As delícias da vida (1974), Intimidade (1975), Milagre – o poder da fé (1979) e Fênix (1980).

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