Autoria: Walcyr Carrasco
Colaboração: Thelma Guedes
Direção: Fred Mayrink e Pedro Vasconcelos
Direção geral: Jorge Fernando
Direção de núcleo: Jorge Fernando
Período de exibição: 20/06/2005 – 11/03/2006
Horário: 18h
Nº de capítulos: 227
Trama/ Personagens:
- Alma gêmea é o segundo trabalho do diretor Jorge Fernando com o autor Walcyr Carrasco após o sucesso de Chocolate com pimenta (2003), também exibida às 18h. Maior audiência do horário nos últimos 13 anos, a novela conta a história do amor eterno de um homem e uma mulher tragicamente separados e que, cerca de 20 anos depois, voltam a se encontrar quando ela reencarna em um novo corpo. Além do tema central, a trama tem tons de comédia neo-realista italiana na abordagem dos conflitos familiares, e também enfoca o resgate de valores, as relações afetivas e o misticismo.
- A novela está dividida em duas fases. No início da década de 1920, o botânico Rafael (Eduardo Moscovis) e a doce bailarina Luna (Liliana Castro) apaixonam-se à primeira vista e, em pouco tempo, casam-se e têm um filho. Esse amor é invejado pela amargurada Cristina (Flávia Alessandra), a governanta do casal, que se acha injustiçada porque sua prima Luna, além de rica e casada com Rafael, a quem sempre desejou, também herda as jóias da avó, Adelaide (Walderez de Barros). O amor de Rafael por Luna é tão grande que ele cria uma rosa branca em sua homenagem, à qual dá o nome da esposa. Revoltada com a felicidade da prima, Cristina arma uma trama com seu admirador Guto (Alexandre Barillari) para que ele roube as jóias, usadas por Luna no dia de sua primeira apresentação como bailarina principal no Teatro Municipal de São Paulo. À saída do espetáculo, Rafael e Luna são surpreendidos por dois bandidos e o botânico reage ao assalto, sendo salvo pela esposa, que se coloca a sua frente e leva o tiro disparado pela arma de Guto, um dos assaltantes. Ela é levada para o hospital, mas não resiste ao ferimento.
- No instante em que Rafael se desespera com a morte confirmada de Luna, em um distante casebre a índia Jacira (Luciana Rigueira) dá à luz uma menina, que ganha o nome de Serena. A criança é filha da índia com um garimpeiro, e cresce na aldeia indígena seguindo os valores e costumes de sua tribo. Já uma moça feita, Serena (Priscila Fantin) às vezes vê uma rosa branca refletida nas águas de um lago e, em outros momentos, desenha casas grandes que não existem na região. O mistério chama a atenção da professora da aldeia, Cleyde (Júlia Lemmertz), e do pajé (Francisco Carvalho), que explica à mestiça que ela tem um sonho e terá de buscá-lo. Serena é pedida em casamento pelo índio José Aristides (André Gonçalves), mas, após a morte da mãe e a invasão e destruição da aldeia por garimpeiros – sendo que um deles é seu pai –, ela parte atrás de seu sonho. Leva apenas uma trouxa, algum dinheiro dado por Cleyde e uma carta de recomendação, com o endereço de uma prima da professora que mora em São Paulo.
- Serena corre vários riscos até chegar em São Paulo, onde conhece Terê (David Lucas), um menino de rua que rouba sua trouxa em busca de dinheiro. A mestiça enfrenta um grupo de garotos para defender a vida dele, os dois ficam amigos e viajam para a cidade de Roseiral em companhia do vira-lata Joli. Durante toda a trama, Serena protege Terê, tornando-se uma das responsáveis pela educação do menino.
- Com a carta nas mãos, Serena vai parar em um dos núcleos mais bem-humorados da trama, a pensão do sapateiro Osvaldo (Fúlvio Stefanini) e de sua mulher, Divina – Neusa (Maria Faro). O casal mora com os filhos Hélio (Erik Marmo), Dalila (Fernanda Machado), Nina (Tammy Di Callafiori) e Vitório (Malvino Salvador) e a rabugenta sogra de Osvaldo, Ofélia (Nicette Bruno), que implica o tempo todo com o genro. A mestiça é recebida de braços abertos por Divina, mulher de bom coração que não é nenhum prodígio de beleza, mas se acha linda. Seu marido também acha, e provoca várias confusões por ciúmes da esposa. Na pensão também moram o nordestino Alaor (Marcelo Barros), que vive correndo o risco de ser expulso por estar sempre desempregado; a cafona Terezinha (Andrea Avancini); o simplório Roberval (Rodrigo Phavanello), que é apaixonado por Dalila; e o orgulhoso Jorge (Marcelo Faria), que tenta ser elegante escondendo os remendos de suas roupas – o personagem entra por volta do capítulo 50. Alguns meses antes do fim da novela, o marido falecido de Ofélia reaparece, interpretado por Ankito, um dos grandes nomes da comédia brasileira nos anos 1950. Ofélia fazia todos acreditarem que ele havia morrido para não admitir que fora abandonada. O “falecido' traz ainda mais humor à novela.
- A pensão vira a nova casa de Serena, que logo desperta o interesse de Hélio. O rapaz, encantado, ajuda-a na adaptação à língua e aos costumes de sua nova sociedade. Já a ambiciosa Dalila, irritada por ter de dividir o quarto com a nova moradora, indica-a para trabalhar como empregada na casa de Rafael, pois Zulmira (Carla Daniel) e o copeiro Eurico (Ernesto Piccolo), lá há muitos anos, estão precisando de uma ajudante.
- A morte de Luna transformou Rafael em um homem amargurado, taciturno e rude. Desleixado até na aparência, não se interessa por nada que não sejam suas rosas, e mantém um relacionamento distante até com o filho, o tímido e amedrontado Felipe (Sidney Sampaio). Cristina se aproveitou dessa situação para, ao longo dos anos, apossar-se da administração da casa, com a desculpa de ajudar Rafael a criar o filho. Ela se finge de delicada e bondosa, mas não hesita em prejudicar os que atrapalham seu objetivo: casar-se com o botânico. Para isso, conta com a ajuda do comparsa Guto; da mãe – a ardilosa Débora (Ana Lúcia Torre); do inescrupuloso Raul (Luigi Baricelli) e sua amante, Dalila, alpinista social que tem vergonha da família; e de Ivan (Thiago Luciano), irmão de Zulmira e motorista da casa, a quem ela seduz para realizar seus planos.
- Serena sente uma estranha emoção assim que chega ao casarão, que aumenta quando ela se depara com a rosa branca de suas visões. Felipe provoca nela impulsos de mãe e, ao ver Rafael, ela tem a sensação de que já o conhece, mas não consegue explicar seus sentimentos. O botânico também se perturba com a presença da jovem, que protagoniza estranhos fenômenos, como tocar ao piano a música preferida de Luna – Clair de lune, de Claude Debussy (1862-1918) –, embora nunca tenha aprendido a tocar o instrumento; dançar exatamente como a bailarina, apesar de nunca ter feito balé; e ver-se refletida no espelho com a imagem de Luna. Além disso, com a chegada de Serena à casa, a roseira de Luna volta a florescer. Adelaide, a avó de Luna e Cristina, fica convencida de que a falecida neta voltou, principalmente após confirmar que Serena tem um sinal de nascença no mesmo lugar onde Luna levou o tiro que a matou. Já a descrente Agnes (Elizabeth Savalla), mãe de Luna e filha de Adelaide, acha que Serena é uma golpista. Agnes é “envenenada' pela irmã, Débora, e a sobrinha Cristina, que fazem de tudo para desacreditar a moça. Com sua sinceridade e inocência, porém, Serena faz muitos amigos, sempre ajudando as pessoas de forma indiscriminada e desprendida. Ela se aproxima de Vera (Bia Seidl), irmã de Rafael; ajuda Felipe em seu namoro com a jovem Mirella (Cecília Dassi) e torna-se confidente de Olívia (Drica Moraes), antiga melhor amiga de Luna.
- Rafael se encanta com Serena e se convence de seu amor ao acreditar que a mestiça é mesmo a reencarnação da amada Luna. Sua vida se transforma e ele cria uma rosa azul em homenagem à empregada, a quem pede em casamento. Desesperada, Cristina arma um plano com a colaboração de Guto e Ivan, e faz Rafael acreditar que Serena o trai com Guto. O botânico fica transtornado e não dá chances à noiva de se defender. Ela, indignada com a desconfiança, rompe o noivado. No mesmo dia, seguindo conselhos da mãe, Cristina oferece a Rafael uma poção de ervas que o faz olhar para ela e ver Serena, caindo na armadilha da vilã. Dias depois, pressionado pelas encenações da governanta, que se diz ultrajada por ser rejeitada após os dois terem passado uma noite juntos, Rafael a pede em casamento e, fragilizado, fica em suas mãos. Cristina ainda simula uma gravidez para efetivar o casamento. Quem faz o exame em seu lugar, porém, é Dalila, que está grávida de Raul. Cristina, finalmente, consegue casar-se com Rafael, mas como é rejeitada pelo marido, continua a fazer maldades para se vingar, ao mesmo tempo em que faz tudo para manter Rafael longe de Serena. Mais tarde, inventa que perdeu o bebê.
- O misticismo está presente na novela não só nos fenômenos que ocorrem com Serena, mas também através da personagem Alexandra (Nívea Stelmann), esposa do médico Eduardo (Angelo Antônio). Ela sofre de esquizofrenia e chega a Roseiral acompanhada da enfermeira Nair (Rosane Gofman), após receber alta do hospital onde estava internada. Com a orientação do terapeuta Julian (Felipe Camargo) e sua assistente Sabina (Aisha Jambo), Alexandra descobre que seu problema é espiritual: a voz que a manda praticar agressões e suas premonições estão relacionadas à aproximação de espíritos.
- No decorrer da trama, Guto morre envenenado por Débora – antes de revelar a todos que Cristina foi responsável pela morte da prima – e também passa a perturbar Alexandra, para que ela encontre as jóias de Luna, que ele roubou de Cristina e guardou em um esconderijo, após se dar conta de que estava sendo novamente enganado pela vilã. Ele, que havia sido perdoado por Serena antes de sua morte na prisão, volta ainda como fantasma para aterrorizar Cristina: a vilã passa a ver e ouvir o antigo comparsa, levando as pessoas a acharem que está ficando louca. Guto só recupera a paz depois que Alexandra consegue encontrar as jóias e devolvê-las à sua verdadeira dona. O tratamento com Julian também ajuda Alexandra a voltar a ser feliz, o que salva seu casamento com Eduardo – antes de sua volta a Roseiral, o médico havia tido um envolvimento com Vera, a irmã de Rafael. Julian também trata de Serena e, através de regressões, tenta ajudá-la a entender sua missão e descobrir a razão da dor no peito que volta e meia a acomete.
- A discussão sobre misticismo também é enfocada através do embate entre o estudioso espiritualista Elias (Umberto Magnani) e a incrédula Agnes. Elias é o porta-voz dos que acreditam em reencarnação e dá várias explicações sobre o espiritismo ao longo da trama. Agnes, por sua vez, só se convence de que Serena é Luna depois que a mestiça revela a ela um segredo do passado: Luna respondeu a um inquérito policial por ter ferido um namorado de Agnes que tentara aproximar-se dela. Arrasada pelas lembranças, Agnes confessa que sempre se culpou por ter se envolvido com um homem que causou tanto sofrimento à filha, e que sua mudança para Roseiral foi para que tudo ficasse esquecido. Serena, para consolar a mãe da bailarina, diz que a alma de Luna nunca a culpou, e Agnes a abraça, chamando-a de filha.
- Mesmo após todos terem certeza de que Serena é mesmo Luna reencarnada, ela continua a sofrer por amor a Rafael. Casado com Cristina, ele não pode assumir um compromisso com Serena. Enfurecida por continuar sendo desprezada pelo marido, Cristina põe fogo no ateliê que era de Luna. Rafael, atingido por um lustre, cai desacordado e sofre várias queimaduras, ficando entre a vida e a morte. O índio José Aristides que, a essa altura, reencontrou Serena em Roseiral, salva a vida do botânico com ervas e um ritual aprendido em sua tribo. Rafael volta para a casa, mas é obrigado a ficar sob os cuidados de Cristina, que faz pose de esposa devotada. Em estado catatônico e incapaz de fazer qualquer movimento, Rafael sofre nas mãos da mulher, que aproveita para maltratá-lo o quanto pode, dificultando sua recuperação. Certa de que ele não pode vê-la nem ouvi-la, Cristina beija o motorista Ivan em sua frente e confessa que está envolvida na morte de Luna.
- Com a ajuda dos amigos, Serena consegue resgatar o amado e escondê-lo no sítio de Bernardo (Emiliano Queiroz), onde passa a cuidar dele com todo o seu amor. Rafael, então, consegue recuperar-se, lembra de tudo o que Cristina fez e a expulsa do casarão. Mesmo sem a separação oficial, ele e Serena se casam em uma cerimônia simbólica e passam a viver juntos na casa. Débora, então, tenta envenenar o ex-genro, para que Cristina herde sua fortuna antes de assinar um acordo de separação, mas é ela quem bebe o refresco com o veneno, morrendo em seguida. Enlouquecida, Cristina promete uma nova vingança. No último capítulo, após ter seqüestrado a rival, a vilã acaba atingindo Rafael com um tiro no peito, depois que ele se coloca à frente de Serena para protegê-la. No instante em que está socorrendo o amado, Serena tem um infarto fulminante e entende sua missão. Os dois se beijam antes de morrer e percebem que estarão unidos por toda a eternidade. Em uma sucessão de imagens, Rafael e Serena aparecem com feições diferentes, vestidos de acordo com a época de suas vidas passadas. O casarão pega fogo, e Cristina, usando as jóias de Luna, é envolta em sombras e atraída para dentro de um espelho, onde só há trevas.
- Apesar da dramaticidade da história central, a novela tem muitos núcleos de humor. Além do ambiente da pensão, tem destaque a trama de Olívia, esposa de Raul e mãe de Mirella e Carlito (Renan Ribeiro). Após descobrir que o marido tem uma amante, ela se separa, vende suas jóias e vai viver com os filhos em um sobradinho alugado, ao lado da pensão de Divina. A ex-madame sai de uma vida de elegância para uma vida de pobreza, o suficiente para Cristina interferir no namoro de sua filha Mirella com Felipe. Carlito, o caçula mimado, perde a boa vida de antes, mas faz novos amigos, como Nina, a filha mais nova de Osvaldo e Divina, e Paulina (Pamella Rodrigues), filha de Abílio (Ronnie Marruda) e Clarice (Mariah da Penha), que também moram na vila da pensão. Olívia se apaixona por Vitório e os dois vivem um romance de idas e voltas, em cenas de muito humor, já que ela se considera uma “dama de sangue azul' e não pode assumir um caso com um pobretão. Depois de vender praticamente tudo o que tinha para sobreviver, inclusive boa parte de seus vestidos, Olívia pede socorro a Rafael, que a ajuda a montar um restaurante, onde Vitório é empregado como cozinheiro-chefe. Após muitas brigas, os dois terminam juntos.
- Raul, por sua vez, revela-se um mau-caráter e não dá um tostão à ex-mulher, mais interessado em viver suas aventuras amorosas e em roubar dinheiro da empresa de Rafael, da qual é diretor. Como fez com Dalila, ele também tenta iludir a astuta Kátia (Rita Guedes) e a modista Madalena (Bruna Di Tullio), e acaba seus dias preso, tendo de suportar as visitas de Terezinha, a quem seduziu em determinado momento da novela só para atingir seus objetivos. Dalila chega ao fim com Roberval, com quem foi obrigada a se casar após inventar que ele era o pai da criança que esperava. Ela dá à luz uma menina, e Roberval assume a criança. Com a convivência, a moça aprende a gostar de sua nova família. De ex-assistente de barbeiro, Roberval vira um homem milionário após receber uma herança do avô, o rico fazendeiro Romeu (Luis Gustavo), que chega à cidade em busca da identidade do neto.
- Os irmãos caipiras Crispim (Emilio Orciollo Netto) e Mirna (Fernanda Souza). Os dois moram com o tio Bernardo em um sítio localizado junto à plantação de rosas de Rafael. Enquanto o irmão e o tio trabalham no roseiral, a romântica Mirna cuida da casa, sonhando em arranjar um noivo para casar. Crispim, porém, morre de ciúmes da irmã e não deixa que nenhum pretendente se aproxime, botando todos para correr, entre eles Pedro Charreteiro (Francisco Fortes), Roberval e o policial Arthur (Adilson Girardi). Uma de suas marcas é jogar o pretendente no chiqueiro.
- Desolada por não arranjar um marido, Mirna faz confidências à sua pata Doralice, para a qual arruma até um casamento na trama, com direito a bolo e marcha nupcial. Crispim também conversa de igual para igual com seu burrico, e é com ele que desabafa quando se apaixona perdidamente pela estonteante Kátia, a quem passa a chamar de “anja', depois que ela o salva de se afogar na piscina do clube da cidade. Kátia é filha de Elias, mãe solteira da menina Rita (Caroline Smith), e sonha casar-se com um homem rico. A personagem vive momentos cômicos quando vai morar por uns tempos no sítio e é obrigada a tirar leite de vaca e dar comida aos porcos. É ela, no entanto, que frustra uma das tentativas de Mirna de arrumar um marido. No dia do casamento da caipira com Jorge, Kátia não resiste às investidas sedutoras do rapaz, e os dois são surpreendidos por Crispim aos beijos. Mirna ainda perde Alaor para a madrinha Doralice (Louise Cardoso). No fim da novela, porém, tudo se resolve: a caipira se casa com Zacarias Príncipe (Rodrigo Faro), rapaz que aparece montado em um cavalo branco; e Crispim se casa com Kátia, depois que ela descobre que Jorge tem três mulheres e uma penca de filhos.
- Há outras uniões no fim da novela. Felipe termina com Mirella; Agnes assume o romance com Ciro (Michel Bercovitch), que havia sido contratado por Rafael para investigar a morte de Luna. Julian se casa com Vera, que fica curada de um tumor no cérebro. Hélio descobre que sua ligação com Serena vem de outras vidas – ele foi seu irmão em outra encarnação – e acaba se casando com Sabina.
- Há uma passagem de 15 anos no último capítulo e todos que ainda estão vivos se reencontram, com seus filhos e netos, no lançamento do livro de Terê (Ângelo Paes Leme). Betty Faria faz uma participação nesta seqüência, como a esposa de Alaor, que virou um rico fazendeiro. A última cena da novela se passa em 2006, quando um menino chamado Rafael conhece uma menina chamada Serena.
Produção:
- Elenco e equipe de Alma gêmea assistiram a palestras com o antropólogo Giovani José da Silva e Carlos Eduardo Sarmento, professor da Fundação Getúlio Vargas, respectivamente sobre cultura indígena e costumes socioeconômicos, culturais e políticos da década de 1940. O antropólogo ainda deu aulas de linguagem indígena para Priscila Fantin, André Gonçalves, Francisco Carvalho, Maria Silvia, Júlia Lemmertz e Thaíssa Ribeiro. Esses atores também contaram com a orientação da pesquisadora de prosódia Íris Gomes da Costa.
- Fernanda Souza, Emilio Orciollo Netto e Emiliano Queiroz fizeram aulas de prosódia caipira com Silvia Nobre. Marcelo Barros ganhou noções de prosódia nordestina. Liliana Castro fez aulas de piano com Claudia Castelo e aprendeu passos de balé com Cissa Rondinelli. Eduardo Moscovis foi à Roselândia, em Cotia (São Paulo), conhecer as técnicas de enxertos e plantações de rosas – no local há mais de 300 espécies de roseiras. Malvino Salvador treinou em restaurantes de São Paulo o manuseio de utensílios culinários e a fabricação de pão. E Alexandre Barillari visitou o presídio Ary Franco, na zona norte do Rio de Janeiro, onde conversou com detentos para ajudar na composição do vilão Guto.
- As cenas de Serena na comunidade indígena – incluindo seu nascimento, a morte da mãe, seu crescimento, a invasão e destruição da aldeia, até a partida para São Paulo – foram distribuídas por Bonito (Mato Grosso do Sul), Carrancas (Minas Gerais) e o bairro de Camorim (zona oeste do Rio de Janeiro). Em Bonito, a produção de cerca de 70 profissionais contou com a ajuda de bombeiros, militares do Exército e uma equipe de rapel para transportar os equipamentos.
- No Camorim foi construída uma aldeia cenográfica feita basicamente de palha e madeira, com 13 ocas – incluindo a oca comunitária do pajé (Francisco Carvalho), a da mãe de Serena e a sala de aula onde Cleyde ensinava às crianças. Ali foram realizadas as cenas da invasão dos garimpeiros e do incêndio, que contaram com a participação de 80 figurantes. Pedaços da aldeia foram usados nas gravações em Bonito e em Carrancas.
- As primeiras gravações em São Paulo incluíram cenas de Serena passando por locais históricos da cidade, como a Estação Júlio Prestes, a Pinacoteca do Estado, o Museu do Ipiranga e a Catedral da Sé, além de cenas na Vila dos Ingleses com cerca de 20 atores figurantes.
- A cidade cenográfica de Roseiral construída da Central Globo de Produção (Projac) foi inspirada em várias localidades, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro da época em que se passa a trama. Também foram usadas como referências cidades do interior de São Paulo, como Bernardino de Campos (onde nasceu o autor Walcyr Carrasco) e a estância hidromineral Águas de Santa Bárbara; e municípios do Paraná, como Castro, Morretes, Antonina e Lapa. Erguida em uma área de nove mil metros quadrados, Roseiral comportava as casas de Rafael e Agnes, o prédio residencial de Vera, a vila da pensão de Divina, além de igreja, loja de flores, farmácia, estação de trem, barbearia, mercearia, prefeitura, cinema, sorveteria, consultório médico e sapateiro, alguns com interior.
- A estufa, um dos cenários relevantes da trama, ganhou uma parte externa na cidade cenográfica e interior em estúdio. Este foi um dos ambientes mais trabalhosos por conta da manutenção das rosas. As flores tinham de ser guardadas em geladeira, a uma temperatura entre oito e 12 graus, e não podiam ficar em locais abafados. Rosas artificiais foram misturadas às naturais para compor o cenário.
- Os anos 1920 da trama foram caracterizados por um figurino com cortes retos, sem cintura e bustos achatados para as mulheres, e roupas mais estreitas, acinturadas, com boca das calças mais fechada e uso do chapéu coco para os homens. Na década de 1940, seguiu-se o tom das comédias italianas do início dos anos 1950, com referências, entre outras, a filmes do cineasta italiano Federico Fellini (1920 - 1993). Um dos destaques é Cristina, de Flávia Alessandra, que abusava das cores vermelha, roxo e vinho, como uma típica vilã de desenho animado. Também teve repercussão a composição da personagem Kátia, de Rita Guedes, uma mistura das atrizes Veronica Lake, Lana Turner e Rita Hayworth e de Jessica Rabbit, personagem da animação Uma cilada para Roger Rabbit (1988), de Robert Zemeckis.
- A maior dificuldade encontrada pela equipe de maquiagem foi a caracterização dos índios. A solução para atender à agilidade da TV e não se distanciar muito das referências do real foi adotar o carimbo. Foi encomendada uma maquiagem especial à prova d’água para que a pintura resistisse ao suor das gravações e aos mergulhos no rio. Diariamente, os atores e figurantes eram carimbados e depois pintados com a tinta, em um processo que levava, em média, 40 minutos. Priscila Fantin ainda teve de escurecer os cabelos e, assim como André Gonçalves, alisá-los todos os dias.
- No núcleo da cidade, as atrizes usaram meias-perucas para fazer a diferenciação entre as duas fases da novela. Nicette Bruno e Walderez de Barros usaram uma peruca grisalha na década de 1940. Os atores, embora na vida real os homens já usassem gomalina nos anos 1920, só adotaram o recurso na segunda fase da trama, uma licença da equipe de caracterização para marcar a diferença.
- Flávia Alessandra clareou bem os cabelos para dar vida à vilã Cristina e Alexandre Barillari usou lentes coloridas para interpretar Guto.
- Efeitos em 3D foram usados nas cenas da passagem de Luna para outra dimensão, quando ela entra em um túnel de luz, cai em um labirinto e voa sobre uma cidade. O mesmo recurso foi utilizado na criação das rosas que saem do livro já no primeiro capítulo da novela.
Curiosidades:
- Floriculturas do Rio de Janeiro e de São Paulo participaram de uma campanha de promoção da novela intitulada “Circuito das Rosas'. Em parceria com a TV Globo, as lojas criaram arranjos especiais com rosas brancas e/ou vermelhas, batizados de alma gêmea, em miniexposições. O público também podia participar de um concurso que tinha como prêmios um anel de ouro branco igual ao da personagem Luna, desenvolvido pela Globo Marcas, um arranjo de flores e um CD com a trilha da novela autografado. O anel, idealizado por Walcyr Carrasco para a história, era formado por três alianças entrelaçadas, simbolizando a união máxima de duas pessoas, e foi produzido por uma empresa brasileira de semi-jóias.
- Fred Mayrink, um dos diretores da novela, aparece cantando músicas de Frank Sinatra em uma participação como crooner de uma boate. A idéia foi do diretor Jorge Fernando, que já havia dirigido um show de Fred.
- Alma gêmea obteve a maior audiência do horário das 18h em toda a história da teledramaturgia da emissora. Em setembro de 2005, já era o segundo programa mais assistido do Brasil. Por conta disso, a trama ganhou mais 25 capítulos, e a novela teve mais um intervalo comercial, além dos três tradicionais.
- Alma gêmea estreou na emissora portuguesa SIC cerca de um mês após a estréia na TV Globo.
- Em 2007, a TV Globo Internacional anunciou a assinatura de um contrato com a Pappas telecasting – rede de estações locais no Oeste dos Estados Unidos – para a exibição de Alma gêmea. Inédita nos Estados Unidos, a novela começou a ser transmitida naquele país, em versão hispânica, a partir do dia 02 de julho, às 19h.
- Em 13 de agosto de 2007, a romântica Alma gêmea estreou na Costa Rica, exibida pelo canal Teletica. Sucesso no mercado internacional, a novela já foi exibida em países como Rússia, Peru e Venezuela.
Trilha sonora:
- A trilha sonora de Alma gêmea foi lançada em dois CDs. O nacional traz um choro raro do compositor Guerra Peixe letrado por Zélia Duncan – Diz nos meus olhos (Inclemência); Roberto Carlos cantando Índia, composição de J.A. Flores, M.O. Guerreiros e José Fortuna; Sandy cantando Um segredo e um amor, versão de Secret love, de Sammy Fain e Paul-Francis Webster, gravada por Doris Day em 1953; além de músicos como Gal Costa, Maria Bethânia, Fagner, Elba Ramalho e Milton Nascimento. Na trilha internacional, clássicos como My funny valentine (Richard Rodgers e Lorenz Hart), na voz de Rod Stewart, e Fly me to the moon (In other words), de Bart Howard, cantada por Peter Jones. O tema de abertura é a canção Alma gêmea, de Peninha, na voz de Fábio Jr.
- A cantora Leila Pinheiro gravou uma participação na novela, cantando em uma boate. Ela está presente na trilha musical com A vida que a gente leva, música de Fátima Guedes, tema da personagem Dalila.
Merchandising social
- Preconceito social e racial foram abordados na trama de Alma gêmea, que também enfocou o tema do menor abandonado, através do menino de rua Terê. Analfabeto e sem família, Terê aprende a ler e muda sua vida após descobrir os livros. A importância da leitura é reforçada pela professora Clarice, que conta histórias e leva livros para as crianças. Terê começa a se interessar pela leitura após ouvir a narrativa dos contos do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen (1805-1875), e ganha de Elias seu primeiro caderno.
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