Documentário traz de volta a saudosa TV Manchete - Confira o Teaser

terça-feira, 10 de março de 2009

MEMÓRIA DA TV - DRAMATURGIA: PARAÍSO (PRIMEIRA VERSÃO)



Autoria: Benedito Ruy Barbosa
Direção: Gonzaga Blota e Ary Coslov
Direção geral: Gonzaga Blota
Período de exibição: 23/08/1982 – 26/03/1983
Horário: 18h
Nº de capítulos: 195

Trama/ Personagens:
- Paraíso apresenta a história da paixão quase impossível do peão José Eleutério (Kadu Moliterno), o “Filho do diabo”, por Maria Rita (Cristina Mullins), a “Santinha”, moradores de uma pequena cidade do interior. Segundo a lenda local, o pai de José Eleutério, Eleutério (Cláudio Corrêa e Castro), possui uma garrafa, onde cria o diabo, que lhe garante incríveis poderes. Na realidade, a garrafa é apenas uma lembrança adquirida por Eleutério numa feira do Rio de Janeiro. Mas o povo da pequena cidade acredita na lenda, assim como crê nos rumores sobre os milagres que Maria Rita teria feito na infância.
- José Eleutério e Maria Rita ainda estão no meio da disputa política entre seus pais, Eleutério e Antero (Jofre Soares), proprietários de grandes fazendas e figuras importantes da região, dois homens com vidas repletas de histórias fantásticas, lendas e crendices. Os dois chegaram à região na mesma época e estabeleceram-se em fazendas vizinhas. Eleutério é um homem rústico, bem-humorado, amante de uma boa conversa. Religioso, tem um coração enorme. É justo, sem ser rígido, e bondoso, sem ser trouxa. Foi apaixonado por Gracinha, mãe de seu único filho, que morrera no parto do menino. Tem loucura por José Eleutério, mas não concorda com a vida de peão que o filho leva. Antero, por sua vez, é um homem simples e fechado. No passado, sofreu com as histórias sobre os milagres da filha e foi obrigado a deixar sua terra em busca de paz. Procura não falar sobre o assunto, apesar da insistência da mulher, a beata Dona Mariana (Eloísa Mafalda), que vive a divulgar a santidade da filha e sonha vê-la num convento. Interesseiro, Antero torce para que Maria Rita se case com Zé Eleutério, interessado na fortuna do rapaz.

Cristina Mullins. Nelson Di Rago / TV Globo.

- Paralelamente ao conflito principal de Paraíso, outros personagens merecem destaque na história. Entre eles estão Otávio Elias (Mário Cardoso) e Ricardo Bidauska (Caíque Ferreira), dois jovens incansáveis na tentativa de trazer o desenvolvimento para a pequena cidade. Formaram-se em comunicação no Rio de Janeiro, mas não conseguiram oportunidade de trabalho na cidade devido à retração do mercado e decidiram tentar a vida no interior. Através desses personagens, o autor procurou discutir sobre a dificuldade do jovem em ingressar no mercado e as muitas possibilidades que uma cidade interiorana pode oferecer.
- As tramas envolvendo a família do prefeito Norberto (Sérgio Britto) também movimentam a história de Paraíso. Norberto é um sujeito bonachão e sério, mas tem dificuldade de lidar com os poderosos da região e seu jeito de fazer política, ficando sempre à margem de importantes decisões. É casado com a doce Aurora (Tereza Raquel) e pai de Maria Rosa (Elizângela), professora formada, muito inteligente, o melhor "partido" da cidade.
- Outros personagens importantes da história são Josefa (Neuza Amaral), empregada da fazenda de Eleutério, uma mulher simples que alimenta uma paixão platônica pelo patrão; sua filha, Rosinha (Zaira Zambelli), apaixonada por Zé Eleutério; e o valente peão Terêncio (Roberto Bonfim), melhor amigo de Zé Eleutério.

http://oglobo.globo.com/blogs/arquivos_upload/2008/12/191_340-paraisoabre.jpg
- Ao longo da trama, Santinha e Zé Eleutério vivem um conturbado romance, cheio de idas e vindas. Ela chega a se envolver com Otávio e fica noiva dele. Um dos pontos altos da novela acontece quando Santinha, rezando reclusa em seu quarto, consegue o “milagre” de salvar Zé Eleutério, que havia se ferido gravemente quando participava de um concurso de peões de boiadeiros. Em retribuição à graça recebida, Santinha decide ir para um convento. Ao saber de sua decisão, Zé Eleutério, inconformado, resolve raptá-la, declarando todo seu amor. Ainda assim, Santinha prefere levar adiante o compromisso com Otávio. Na hora do casamento, no entanto, ela percebe que cometerá o maior erro de sua vida. Santinha abandona Otávio no altar e termina a novela nos braços de seu verdadeiro amor, Zé Eleutério.
- Paraíso retrata também o universo dos boiadeiros. Rodas com violeiros marcaram as cenas da novela, puxadas sempre por Diogo (Sérgio Reis), amigo de Zé Eleutério.

Cláudio Côrrea e Castro. Nelson Di Rago / TV Globo.

Produção:
- As cenas nas fazendas de Eleutério e Antero e na pequena cidade do interior foram gravadas em Vassouras, Rio de Janeiro. As seqüências dos peões conduzindo a boiada foram feitas na Fazenda Indiana, na Zona Oeste, no Rio de Janeiro.

Curiosidades:
- Na quinta novela que escrevia na Rede Globo, Benedito Ruy Barbosa voltava a investir no tema rural, como já fizera em Meu pedacinho de chão (1971), O feijão e o sonho (1976), À sombra dos laranjais (1977) e Cabocla (1979).
- O autor voltaria a falar da lenda do diabo preso na garrafa em Renascer (1993), através do personagem Tião Galinha, vivido por Osmar Prado.
- A bela interpretação de Eloísa Mafalda no papel da beata fanática voltou a se repetir quando a atriz deu vida à Pombinha, da novela Roque Santeiro (1985), e à Gioconda, em Pedra sobre pedra (1992).
- O cantor sertanejo Sérgio Reis fez sua estréia em novelas.
- A novela foi reapresentada entre maio e outubro de 1986, em Vale a pena ver de novo.
- Paraíso foi vendida para Portugal, onde foi exibida entre 1994 e 1995.
A novela ganha uma nova versão no ano de 2.009

Kadu Moliterno. Nelson Di Rago / TV Globo.

Trilha sonora:
- A trilha sonora de Paraíso seguia o clima rural da trama. Sérgio Reis gravou Boiadeiro errante, e Almir Sater esteve presente com Varandas. O disco da trilha contou também com a tradicional dupla caipira Milionário e José Rico, em Minha paixão, e com Rolando Boldrin, em Eu, a viola e Deus. Mas a seleção musical feita por Guto Graça Mello incluía também cantores com estilo diferente, como Ney Matogrosso, que gravou o tema de abertura, Promessas demais, e Jorge Benjor, com Oé, oé faz o carro de boi na estrada, música composta em parceria com Augusto de Agosto.


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