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quinta-feira, 12 de março de 2009

Ney Matogrosso empresta exibicionismo dos palcos a Bandido da Luz Vermelha


Apesar de ter morrido eletrocutado, envolto em fios elétricos, ao final de “O Bandido da Luz Vermelha”, o personagem-título do clássico do cineasta Rogério Sganzerla, ressurge no cinema 40 anos depois. Desta vez, na pele do cantor Ney Matogrosso que empresta a Luz Vermelha um pouco do exibicionismo do “Ney dos palcos”.


As filmagens de “Luz nas Trevas, a Volta do Bandido da Luz Vermelha”, continuação do filme de 1968 que revolucionou a linguagem do cinema, começaram na semana passada em um presído desativado na Zona Leste de São Paulo. Na quinta-feira (5), o G1 acompanhou os bastidores da gravação e conversou com Ney Matogrosso e com os diretores Helena Ignez e Ícaro Martins (veja o vídeo acima).


O personagem Luz Vermelha foi inspirado no bandido que roubava mansões munido com uma lanterna, na São Paulo dos anos 60, mas a história de Sganzerla é uma ficção. No novo filme, cujo roteiro também é do cineasta, morto em 2004, o bandido está preso e conhece o filho, fruto de uma aventura com uma mulher que o visitou na cadeia. Luz Vermelha rejeita o jovem, que resolve seguir a “profissão” do pai.

‘Terceiro imundo’

Helena Ignez, viúva de Sganzerla, diz que, ao escolher Ney Matogrosso, esperava obter a atitude de “um símbolo que quebra tabus, que alarga o comportamento mental”. E a expectativa foi correspondida. “Às vezes eu fico na dúvida: ele é um cantor ou é um ator que finge que é cantor”, aplaude Ícaro Martins.

Foto: Gabriel Chiarastelli/Divulgação

Esta não é a estreia de Ney na telona. O cantor, que já atuou em um longa-metragem e em dois curtas, admite que aceitou o convite “meio assustado”, mas topou o desafio e até dá sugestões no texto e na caracterização do personagem. “Eu ofereci para ela (Helena Ignez): que tal se o Luz Vermelha tivesse um olhar parado? Achei que poderia ser interessante uma pessoa que olha de olho aberto, que não pisca.”


A pedido dos diretores, ele também empresta a Luz Vermelha o exibicionismo do personagem que encarna nos palcos. “O personagem faz ginástica. Ele se olha no espelho muito. É nisso que eu acho que a gente está colocando aquele meu lado do palco, que é uma coisa de eu estar me exibindo.” Por outro lado, os gestos largos do cantor nos shows foram substituídos por uma atuação minimalista. “Aqui, o mínimo é muito. É tudo contido.”


Ney Matogrosso, que encerra em março, em São Paulo, a turnê “Inclassificáveis” - uma referência à sua versatilidade como intérprete -, fala que chega a se identificar com o também inclassificável Luz Vermelha - personagem a um só tempo cruel, engraçado e debochado. “Ele faz crítica social. Ele se diz um Robin Hood dos pobres. O ponto de vista dele é de defesa do povo brasileiro e eu concordo com isso. (...) Ele se refere muito ao terceiro mundo, ao terceiro imundo, ele fala.”

Cinema pop

Foto: Gabriel Chiarastelli/Divulgação

De acordo com a diretora Helena Ignez, viúva de Sganzerla, o filme em produção adotará linguagem pop e vai dialogar com o do anos 60, por meio do uso de flashbacks. “É uma linguagem criativa. É um filme de invenção. É claro que é um filme para frente, e um filme de caos também”, define Ignez, que também atuou no filme de 68.

As filmagens vão se estender pelo mês de março em outras locações da capital paulista, assim como o primeiro filme, que teve São Paulo como pano de fundo. A previsão é que “Luz nas Trevas, a Volta do Bandido da Luz Vermelha” chegue aos cinemas no final deste ano. O elenco também conta nomes como Maria Luísa Mendonça, Sérgio Mamberti, Simone Spoladore, Sandra Corveloni, Bruna Lombardi e Arrigo Barnabé.

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