Alessandra Vaz chefia equipe de 16 estagiários: 'Bons benefícios seguram estagiários'
Para 'segurar' o estagiário, muitas companhias oferecem benefícios que vão além da bolsa-auxílio: cesta básica, vale-compra, assistência médica, seguro de vida.
Isso porque, segundo as empresas e as entidades responsáveis pela seleção de estagiários, a rotatividade entre estudantes é mais elevada do que entre os demais funcionários. Uma forma de manter uma equipe, na avaliação das empresas, é oferecer mais que o básico.
Além da bolsa, os direitos do estagiário previstos na nova lei do estágio são carga horária de até seis horas, vale-transporte, e recesso remunerado de 30 dias após um ano de trabalho. Os contratos podem durar, no máximo, dois anos.
Muitos estagiários 'pulam' de estágio em estágio porque encontram bolsas com valores maiores ou porque não gostam da área.
Na avaliação de especialistas, isso ajuda a disseminar um mito entre as empresas: o de que os estudantes não têm compromisso com o trabalho, o que acaba se tornando prejudicial para a carreira do próprio estagiário.
A estudante de publicidade Verônica Pantana: 'Não pensaria somente na bolsa ao escolher estágio'
Na Akron, distribuidora da fabricante de rações Royal Canin em São Paulo, os 35 estagiários recebem, por cinco horas diárias de trabalho, bolsa de R$ 600, vale-transporte, vale-refeição, brindes no decorrer do ano, uniforme, treinamento, e, perto do Natal, um cartão para compras de alimento.
A supervisora Alessandra Vaz, que chefia equipe com 16 estagiários, afirma que bons benefícios ajudam a diminuir a rotatividade.
"Os benefícios são motivos que seguram os estagiários, além dos incentivos e dos treinamentos."
"Estou um ano com a equipe, e duas pessoas deixaram o estágio. Uma ficou só uma semana e outra passou num concurso. Mas tem uma rotatividade grande de pessoas que não se enquadram. (...) No caso da nossa empresa, tem uma bolsa-auxílio num valor legal, acaba não tendo rotatividade por causa da bolsa", afirma Alessandra.
A estagiária da Akron Verônica Soares Pantana, de 24 anos, já está há dois anos no mesmo estágio e diz que gosta do trabalho porque a bolsa-auxílio é compatível com a mensalidade, e a atividade permite colocar em prática o que aprendeu na escola.
Verônica está no último ano da faculdade de publicidade e propaganda. "Não escolheria um estágio somente pela bolsa. Acho importante gostar da área do trabalho."
Com 20 anos, o estagiário de nível técnico Rodrigo Soares de Souza, morador de Hortolândia, no interior de São Paulo, afirma que um dos motivos que o mantém no estágio são os bons benefícios.
"Recebo uma bolsa-auxílio de valor bom, plano de saúde bom, alimentação, refeição, são bons benefícios. Isso é um dos motivos que me segura, mas também gosto muito da área."
Rodrigo está no 3º ano do curso técnico de mecânica e já está no estágio há um ano e meio. "Eu tenho colegas que trocam sempre de estágio. Eu não. Encaro o estágio como um trabalho."
Fernando Stasiak Copatti, de 19 anos: 'Acho errado ficar mudando de estágio só por causa da bolsa. É importante cumprir o contrato'
Com 19 anos e no primeiro estágio, Fernando Stasiak Copatti recebe R$ 550 de bolsa e refeição na empresa. Ele considera "errado" ficar mudando de estágio, seja por uma bolsa maior ou melhores benefícios.
"Para conseguir o emprego, precisa ser comprometido. Pretendo ficar até o fim do contrato."
Segundo Carmem Alonso, gerente de treinamento e desenvolvimento do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), após a lei do estágio, algumas empresas mantiveram o valor da bolsa mesmo com redução da jornada para valorizar e manter os estagiários.
"Tem cliente que remunera bem os estagiários, dá treinamento, benefícios legais. Em algumas áreas, as empresas acabam aumentando o valor da bolsa para segurar estagiário."
Carmem diz que os estágios com maiores remunerações são de engenharia, média de R$ 1.479, administração pública, média de R$ 1.114, e secretariado executivo, média de R$ 1.041. Segundo ela, os valores são de abril do ano passado, antes da nova lei do estágio.
Prejudicial
Giuliano Bortoluci, diretor do Estagiários.com, que seleciona estudantes para empresas, destaca que mudar muito de estágio, independente do motivo, pode ser prejudicial.
"Quando a análise do currículo é concluída e o candidato chamado para uma entrevista pessoal, isso pode ser questionado a ele. Se o caso do estudante for o de curta permanência em diferentes empregos ou estágios, é provável que o entrevistador queira saber se este tem compromisso com o local em que trabalha e se é um profissional dedicado aos objetivos da empresa."
Superintendente Operacional do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), Eduardo de Oliveira destaca também que ao mudar de estágio, o estudante não deve avaliar a bolsa como principal atrativo.
"O estágio para o qual o estudante migrará deve acrescentar novos aprendizados. Este é o ponto que mais deve ser levado em consideração na hora de escolher o estágio."
A gerente do Nube Carmen Alonso afirma que uma das maiores queixas dos gestores é de os estagiários não se fixarem no emprego, embora, na avaliação dela, grande parte dos estagiários já encare o estágio como um trabalho.
"Muitos pulam de galho em galho por não avaliar bem a proposta do emprego. Precisa avaliar bem antes de aceitar."
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