Ele passou em 1º lugar no curso de química no vestibular.
O primeiro dia de aula em uma universidade costuma dar frio na barriga de qualquer calouro. No caso do estudante Guilherme Cardoso de Souza, a ansiedade foi ainda maior e ele teve que levar a mãe. Aos 13 anos, Guilherme passou em primeiro lugar no curso de química no vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
"Foi estranho porque é tudo muito diferente; é muita novidade. Eu estava acostumado com a escola e o campus da universidade é muito grande. Foi meio confuso para achar a minha faculdade", conta o mais jovem aluno da história da universidade.
"O novo deu medo. Ele estava acostumado a ir de van para a escola durante quatro anos. Agora, precisará pegar três ônibus para chegar à universidade. E ele ainda não anda sozinho de ônibus. É mais uma novidade", conta a mãe, Édina Lopes Cardoso. "Eu fui com ele e pretendo ir também na primeira semana de aula para dar mais confiança a ele", diz.
Nesta terça, ele decidiu não ir à universidade. "Acordei com dor de cabeça. Acho que foi por causa da preocupação", justifica Guilherme. "Talvez eu vá mais algum dia desta semana. Com certeza mesmo, só a partir de segunda, que é quando as aulas começam de verdade."
Segundo a mãe, o choque de entrar no campus foi grande. "É bem diferente da escola, em que ele se sentia protegido. Lá, é uma continuação da cidade, passa ônibus, passa carro. Vou ficar preocupada com a segurança dele."
Transporte
Mas preocupada mesmo Édina está com o transporte do filho. "Eu queria mesmo era descobrir uma maneira menos cansativa para ele chegar ao campus. Ele levará uma hora e quinze minutos e precisará pegar três ônibus", diz.
"E ele terá que acostumar a andar sozinho. Quando estávamos no ônibus ontem [segunda], ele sentiu uma dor na boca do estômago e achou que estivesse com fome, mas expliquei que devia ser de ansiedade. Ele também transpirava muito", conta a mãe.
Questão de tempo
Apesar desses medos, mãe e filho sabem que é mesmo uma questão de tempo. "Ainda não assimilei tudo, mas, com o tempo, vou me acostumar", diz Guilherme. A mãe faz coro: "Ele já estudava com alunos mais velhos do que ele. Vai ser só uma questão de dois ou três meses."
Aos dois anos, Guilherme já fazia o que as crianças só aprendem aos seis ou sete anos. Ele acabou o ensino fundamental com dez anos e o ensino médio com 13. A mãe conta que o filho passou por uma avaliação que indicou ter um QI de superdotado. Guilherme deverá se formar aos 17 anos e já escolheu a profissão. “Quero ser professor de química.”
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