Mais do que se atirar nos livros, o momento é de reflexão.
Nessa época, tem-se falado muito sobre os vestibulares. Nesta coluna, falamos das repúblicas e dos trotes. Da nova vida para aqueles que iniciam a faculdade. Existem, no entanto, muitos jovens que estão vivendo um momento inverso – aqueles que não obtiveram sucesso nas provas. Para eles, o momento é de reflexão de modo a entender a situação e o que poderão fazer para que as coisas sejam diferentes.
Provavelmente, a frustração tem dado o tom para eles. Se souberem usá-la a seu favor, a possibilidade de que saiam dessa experiência com ganhos é maior.
Quando digo ganhos, não me refiro a algo concreto. E, sim, a uma mudança interna que permite que as pessoas conduzam suas vidas de uma maneira mais produtiva. Para tanto, é importante pensar sobre o que pode ter interferido para que o resultado não tenha sido positivo.
Alguns não tiveram surpresa nenhuma. Sabiam que não iam passar, ao menos nos mais concorridos. Percebem em si próprios a falta de vocação para os estudos. Nem todos a têm. Muitos nem se arriscaram a disputar uma vaga.
Entre os que nem tentaram as melhores, muitos já de antemão consideram que não vão conseguir. Não por falta de afinidade com os estudos. Pensam não serem capazes de enfrentar os vestibulares e de seguir um curso que, na mente deles, é mais puxado. No fundo, não se sentem merecedores de cursar aquelas consideradas mais importantes.
Outros realmente se esforçaram, mas faltou um pouquinho. Muitas vezes, a carreira escolhida é muito disputada e nem sempre da primeira vez é possível conseguir. Basta lembrar da medicina. Geralmente, os pretendentes a médicos fazem ao menos um ano de cursinho. Para esses, o jeito é não desanimar e se fixar em seu objetivo, sabendo que é um caminho difícil mesmo.
Cursinho
O período de cursinho pode ser um bom momento para considerarem se a carreira escolhida é a que querem seguir. Além de poderem perceber, após as provas, quais as áreas de estudo que precisam se dedicar mais. Não temos muita noção do que sabemos e do que não sabemos. A realização das provas ajuda a ter esse parâmetro e a organizar os estudos para os próximos desafios.
Muitos jovens precisam estudar mais. Contaram com a sorte. Claro que esse fator existe. Por vezes, caem tópicos que não se domina, não deu tempo de estudar. Porém, acham que dando uma olhada na matéria, tudo vai dar certo. Como se alguma entidade fosse lhes indicar as respostas corretas. É melhor estudar e confiar em si próprio.
Há alguns estudantes que surpreendem a todos. Apesar da facilidade com os estudos, sabedoria e uma inteligência refinada, não conseguem entrar na faculdade. Às vezes, chegam a ter resultados ruins, que não correspondem ao seu perfil.
Ninguém de uma hora para outra deixa de ter habilidades intelectuais ou esquece de tudo o que aprendeu. Provavelmente, essas pessoas acabam boicotando, sem se darem conta, sua entrada na faculdade, melhor dizendo, sua entrada na vida adulta. Ou por sentirem que não darão conta de dar esses passos na vida ou por temerem crescer.
Medo de crescer
Medo de crescer é algo mais comum do que imaginamos. Sem contar aquelas pessoas que não conseguem se empenhar na prova por justamente não saberem que profissão seguir.
Crescer faz parte da vida. É difícil para todos. Mas também é gratificante. Não tem jeito, por mais que se tente protelar isso.
O importante é que para aqueles que não conseguiram a aprovação no vestibular, mais do que se atirar nos livros, o momento é de refletir o que é preciso ser feito para que, no próximo, as coisas possam ser diferentes.
(Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga)
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