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sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Veyron Grand Sport, não tem preço

Versão conversível do Bugatti custa US$ 280 mil a mais que o Veyron fechado. Mas o prazer de ouvir o motorzão W16...
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É o barulho! Entrei no novo Veyron Grand Sport me sentindo bastante cínico, imaginando o que a Bugatti poderia justificar para cobrar mais US$ 280 mil em relação ao Veyron – que já custa US$ 1,7 milhão – por um conversível que tem menos da metade da rigidez do modelo fechado, é mais pesado e mais lento para acelerar de 0 a 100 km/h.

Então apertei o botão de partida. Você não percebe o quanto o cupê é bem isolado até andar com o Grand Sport de capota aberta. Agora, parado, ou em velocidades baixas, se escuta um barulho constante do motor de 16 cilindros e 64 válvulas girando em perfeita sincronia. O ruído só é atrapalhado por um mais barulhento e feroz vindo dos quatro turbos toda a vez que se aumenta a rotação. E quando a pista está livre e você empurra o acelerador o mais longe que seus nervos permitem, os sons se liberam e o motor 8.0 fala por ele mesmo – profundo, ensurdecedor, imperativo e único, como 16 baquetas batendo num tambor.

Na verdade, a Bugatti não precisa justificar o custo extra do Grand Sport porque seu preço, poder e performance significam que ele não compete com outros carros. Apenas 150 serão produzidos, em adição a 300 Veyron cupês.

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Para deixar o Grand Sport rígido, a Bugatti aplicou reforços que deixaram a estrutura do superesportivo quase 100 kg mais pesada

A Bugatti estima que há apenas entre 3 mil e 6 mil milionários e bilionários no mundo com entusiasmo suficiente para comprar um de seus modelos. E a última coisa que seus clientes precisam, diz a marca, é de outro carro. Na média, eles já possuem 30 automóveis, e estão mais para decidir entre um cavalo de corrida, helicóptero ou iate do que um outro superesportivo. Então, quando um carro é dominado pelo seu motor e a maior crítica do Veyron “normal” é que ele transmite muito refinamento e pouca emoção, pagar um extra de US$ 280 mil para estar mais conectado ao todo-poderoso engenho começa a parecer uma barganha.

O Veyron aparenta ser pequeno para um carro de 1.001 cv, 405 km/h de máxima e que faz de 0 a 100 km/h em menos de 2,7 segundos. Por fora, o Grand Sport recebe mudanças cosméticas nas lanternas e rodas, mas possui o mesmo visual do cupê – se não considerar a ausência do teto. O acréscimo de cerca de 100 kg no peso vem dos reforços na estrutura, que o deixaram com quase 2 toneladas. A Bugatti diz que o Grand Sport possui a maior rigidez torsional de um conversível, mas ela é apenas dois quintos do carro fechado. Sem a capota, a máxima é limitada por volta dos 250 km/h.

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Com a capota de policarbonato aberta, o Grand Sport tem a máxima limitada por volta dos 250 km/h

Por dentro, o ambiente é até simples. Há apenas cinco principais teclados à frente e um console central com controle para áudio, ar-condicionado e outras funções comuns a qualquer carro. É tudo feito impecavelmente de couro, alumínio e magnésio. Há um botão de controle de largada e um comando que derruba a altura da suspensão e altera a aerodinâmica, para atingir os mais de 400 km/h. Mas também há acabamentos espartanos, como o suporte de plástico que controla as saídas de ar.

A capota de policarbonato é muito maleável (considerando-se que ela deve ficar no lugar mesmo com o carro a quase um terço da velocidade do som), mas é simples de encaixar e de manusear. Se a capota estiver aberta e você for pego de surpresa numa tempestade, há um grande “guarda-chuva” retangular no compartimento da frente para emergências, de abrir e encaixar. A Bugatti diz que serve apenas até 130 km/h, mas na prática você pode acelerar até 240 km/h sem grandes problemas.

O câmbio DSG tem sete marchas, e a 1.000 rpm o motor já dispõe de 61 kgfm de torque. Você espera que um carro com esse poder responda ferozmente com uma ligeira pisada no pedal, mas o Grand Sport é uma “menininha”. A dirigibilidade é firme e dócil para um chassi que tem que suportar uma velocidade de mais de 400 km/h.

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No compartimento dianteiro (foto central) há um "guarda-chuva" de abrir e encaixar no lugar da capota, para o caso de uma tempestade pegar você desprevenido

Numa estrada aberta, o Grand Sport é tão rápido quanto um Pagani Zonda. Para tanto, é melhor usar o modo manual do câmbio para manter a marcha mais alta, ou o controle automático pode mudar e encerrar a diversão. Com um torque monstruoso disponível entre 2.200 e 5.500 rpm, não é preciso muito esforço para acabar com todos na pista.

A suspensão revisada e um composto mais eficiente de pneu deixam a dirigibilidade tão boa quanto a do Veyron fechado. Assim, você acelera em um nível que nenhum carro chega perto. Para isso, é necessário permanecer no modo manual. Há ainda o modo esportivo. Nesse caso, porém, há contraindicações: como nessa regulagem o motor nunca fica abaixo de 3.500 rpm, ela só é indicada caso você seja dono de posto.

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Pelo que custa, o Veyron é até simples por dentro. Mas o acabamento abusa do couro, alumínio e magnésio para impressionar

Qualquer que seja o modo de direção escolhido, o fato é que o carro aberto parece mais rápido que o fechado porque, sem capota, o sussurro vindo do escapamento é substituído por um ruído forte quando se coloca pressão total. “BOOM-TISH! BOOM-TISH!” Com pista livre para essa bateria continuar, você descobrirá que a absurda aceleração não começa a diminuir nem aos 320 km/h!

Mas qualquer Veyron faz isso. Com o Grand Sport, como dissemos, é o barulho que faz toda a diferença. Os 30 primeiros já estão vendidos. Vale o extra? Sim. O cinismo foi embora? Sim.

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