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domingo, 30 de agosto de 2009

Focinhos novos no pedaço

As raças de cães recém-introduzidas no Brasil fazem sucesso por suas características únicas
André Valentim
EMERGENTE
Cães das “novas raças” basenji (à esq.), chinese (centro) e buldogue francês

Cachorro que não late? Cão sem pelo? Pastor miniatura? Se você encontrar cachorros que nunca viu, não os confunda com vira-latas. Pouco comuns no país até o começo da década, algumas raças aos poucos ganham o mercado canino – ou “cinófilo”, como preferem os criadores – por suas características exclusivas, que se refletem no preço. Um cão desses, com pedigree e vacina, pode variar de R$ 2 mil a R$ 5 mil. Nas próximas páginas, alguns exemplos.

O basenji é uma das raças mais conhecidas entre as desconhecidas: o cão que não late – e raramente morde. Pacífico, emite sons que vão de uma espécie de risadinha de desdém a uivos cantados. Suas cantorias são hit no YouTube (basta digitar “basenji singing” no site para ver). Apesar dos dotes artísticos, a raça não é barulhenta, afirmam os criadores. “É um cão silencioso. Eu tenho uma fêmea há quatro anos e nunca ouvi a voz dela”, diz o criador Sávio Steele, dono do Canil Itapuca, em Niterói, Rio de Janeiro.

Além de silenciosos, são cães com “alma de gatos”: independentes e autônomos, gostam de pessoas e interagem com o dono sem exceder na bajulação. Soltam pouco pelo, não têm cheiro de cachorro e são... autolimpantes. Higiênicos, pulam poças e evitam sujeira. Se pisam na lama, lambem a pata até ficar limpos, diz Steele. Apesar de se darem bem em apartamentos, são cães que precisam de passeios diários.

Outra raça emergente é o oposto do basenji. O chinese crested dog, ou cão de crista chinês, é pouco menor que um poodle e tem cara de chihuahua. A falta de apelo estético é compensada pela capacidade de se adaptar a espaços pequenos, dizem os criadores. “São cães perfeitos para apartamentos: não têm pelo, não causam alergia, são carinhosos sem ser hiperativos e dispensam exercícios e passeios diários”, afirma Livia Krainer, agente do canil Hampton Court, em Avaré, São Paulo. Por não latirem à toa, servem como “alarme vivo” para proteger a casa.

Outra raça miniatura útil para alardear visitas indesejadas é o schipperke (pronuncia-se “squiperque”). Miniatura do portentoso pastor-belga, é pouco menor que um beagle. Independentes e inteligentes, são conhecidos pelo silêncio. “Como não latem por nada, mesmo pequenos são ótimos cães de guarda”, explica Thiago Mendes, biólogo e criador do canil Moreira Mendes, em São Paulo. Apesar de peludos, não têm cheiro forte mesmo quando ficam meses sem banho, segundo os criadores. Convivem bem com crianças.

Quase insuperável em adaptação a travessuras infantis é o buldogue francês. “Ele aceita todo tipo de brincadeira, até das crianças mais ranhetas”, afirma Sávio Steele, que também cria a raça. São cães dóceis, companheiros e apegados. Às vezes até demais. Sentem falta dos donos e não podem ficar sozinhos muito tempo, senão depois querem brincar o tempo todo. Atarracados e parrudos, ficam entre o pug e o buldogue inglês e são muito procurados por moradores de apartamentos.

Não é só na versão reduzida que é possível encontrar raças emergentes e comportadas. Quase do tamanho de um pastor-alemão, os cães rodesianos chamaram a atenção do ator Thiago Lacerda. “Eu sou um veterinário frustrado e adoro cachorros grandes. E me apaixonei pelo biotipo da raça”, diz Lacerda, dono do Canil Riad Ridge, em Petrópolis, Rio de Janeiro, especializado em rodesianos. “É um cão altivo, companheiro sem ser espalhafatoso. É quase um felino.”

 Divulgação
BULDOGUE FRANCÊS

ORIGEM França.
É uma versão miniatura dos buldogues originais
CARACTERÍSTICAS Mede até 35 centímetros, pesa de 8 a 14 quilos e tem “orelhas de morcego”. É dócil, receptivo e brincalhão. Apesar do pelo curto, precisa tomar banho com frequência por causa do forte odor
PRÓS Cão de companhia, se dá bem com crianças e em apartamentos
CONTRAS Não pode ser deixado sozinho por muito tempo
PREÇO R$ 2.500
ONDE ENCONTRAR
Dirennas’s (direnna.com);
Canil Dalla Nora (bulldogfrances.com.br)

Camila Maia
SCHIPPERKE

ORIGEM Belga, raça com 500 anos, é uma versão miniatura do pastor-belga original
CARACTERÍSTICAS Cerca de 30 centímetros, de 5 a 8 quilos. É inteligente e independente. Apesar de peludo, solta pouco pelo e é higiênico. Pode ficar sem tomar banho por mais de um mês sem ficar com mau cheiro
PRÓS Como late raramente, serve de cão de guarda, apesar do tamanho
CONTRAS É ativo e cheio de energia, precisa de algum espaço
PREÇO R$ 2 mil
ONDE ENCONTRAR
Canil Moreira Mendes, tel. (11) 9151-3569,
schipperke.com.br;
Canil Baktaran, tel. (61) 3245-2349
André Valentim
BASENJI

ORIGEM África. No século XIX foi levado para a Inglaterra e se espalhou na Europa
CARACTERÍSTICAS Mede de 40 a 42 centímetros, pesa entre 9,5 e 11 quilos. Não late: emite uivos cantados e grunhidos. É independente e autossuficiente. Higiênico, evita poças e sujeira
PRÓS Não late e solta pouco pelo.
Gosta de brincar, mas sem bajulação
CONTRAS Muito ativo, precisa de
passeios diários para aplacar o ânimo
PREÇO R$ 2 mil
ONDE ENCONTRAR
Canil Itapuca (canilitapuca.com.br);
Canil Shiwsei, tel. (31) 3712-4024;
Basenji & Whippet, tel. (11) 4022-5927
 Divulgação
CHINESE CRESTED DOG

ORIGEM África. Foi disseminado na China no século XVI.
Era levado por mercadores para caçar ratos em navios
CARACTERÍSTICAS Mede de 23 a 30 centímetros, pesa 4,5 quilos. Alegre, afetuoso e tranquilo, late raramente e não se excede nas brincadeiras. Não solta pelos e não tem “cheiro de cachorro”
PRÓS Pequeno, silencioso e sem pelos, é ideal para apartamento
CONTRAS Costuma ser exageradamente apegado ao dono
PREÇO R$ 4.500
ONDE ENCONTRAR
Canil Hampton Court, tel. (14) 3732-6755; Canil Vila Brazil
(canilvilabrasil.com.br)
Camila Maia
RODESIANO

ORIGEM África. Chamado de Leão da Rodésia, foi levado para a Europa por colonos ingleses
CARACTERÍSTICAS Mede de 61 a 69 centímetros, pesa de 32 a 36 quilos. Cão seguro, tranquilo e altivo. É dócil e se dá bem com crianças. É autossuficiente e independente
PRÓS É ótimo cão de guarda, porque só late em caso de necessidade
CONTRAS Apesar de companheiro, é um cão reservado
PREÇO R$ 4.500
ONDE ENCONTRAR
Canil Riad Ridge (riadridge.com.br);
Canil Malabo APD (malaboapd.com.br)


André Valentim
ABANDONADO
Um vira-lata. Os cães de rua são opção para não gastar
VIRA-LATAS

Eles também merecem amor

Adotar um cão de rua é uma saída prática para quem não pode ou não quer gastar muito para ter um cachorro

Quem não liga para o status de um cão com pedigree pode adotar um vira-lata. Segundo a Sociedade Protetora dos Animais, existem no Brasil 20 milhões de cães abandonados. Mais de 70% vão para abrigos. Quase 90% terminam sem lar. Há vantagens nos cães de rua. Os de raça costumam sofrer mais de problemas crônicos e doenças genéticas. “Quando se misturam cães de raças diferentes, certas doenças características podem desaparecer”, afirma o veterinário Enrico Lippi Ortolani, professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. Os poodles, por exemplo, sofrem muito com infecções nos ouvidos. “Quando se mistura um poodle com um cão de rua, o híbrido fica menos propenso a ter doenças.” Adotar também está na moda. No começo do ano, uma marca de ração estendeu ao Brasil uma campanha de adoção de animais de sucesso nos Estados Unidos, a Adotar É Tudo de Bom (adotaretudodebom.com.br). Em julho, a prefeitura de São Paulo criou um site para centralizar e facilitar a adoção de animais, o Probem.

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