Ninguém consegue fazer piadas mortais como o Coringa, mas no cinema há outras engenhosas formas de se praticar o mal. Confira abaixo:
A mais sensual - Catherine Tramell > Sharon Stone (Instinto Selvagem): É difícil aceitar que um mulherão como este da foto possa matar. A bancada masculina se nega a admitir. É por isso mesmo, para deixar os barbados à sua mercê, que a inteligentíssima escritora Catherine Tramell adira à ambiguidade ao ser investigada sobre a morte do seu amante a golpes de picador de gelo. Ela alega inocência, supostamente dribla o detector de mentiras, tem álibi, mas, ao mesmo tempo, parece querer deixar tudo à mostra, inclusive repetindo detalhadamente o crime num livro seu. Até o detetive do caso, mesmo bastante desconfiado, muda o foco das investigações e se concentra no que ela poderia lhe oferecer na cama. Na dúvida, todos são inocentes… Sobretudo alguém como Catherine.
O mais cultuado - Darth Vader > Voz de James Earl Jones (trilogia Star Wars): Luke Skywalker, Obi-Wan, Yoda, Han Solo, Chewbacca – todos muito bacanas. Só que quem sempre reteve o foco de atenções da grande série Star Wars foi o jedi desgarrado Darth Vader. Uma estreia memorável, no filme de 1977, mas um tanto misteriosa. Somente depois se diria o porquê de haver optado pelo lado negro da Força. O motivo não seria tão indigno – por desespero romântico, vendo a amada desfalecida. Mas pouco importa: mesmo que fosse o pior dos monstros, ainda assim Darth Vader, com sua capa, seu indefectível elmo negro e sua elegância ao manejar o sabre de luz, continuaria sendo amado e cultuado. Inegável o quanto este clássico sci-fi de George Lucas fez história, mas é Darth Vader quem virou marca.
O mais vingativo - Max Cady > Robert De Niro (Cabo do Medo): Todo músculos, corpo lotado de tatuagens mensageiras, cabelos rebeldes e olhos psicóticos. Não é fácil achar que Max Cady tenha algo além da violência. Mas, na verdade, ele possui algo dentro de si: a lembrança. Após 14 anos no xilindró por estupro e espancamento, ele sai em busca de vingança contra o advogado que omitiu provas que teriam atenuado a sua pena. E Cady prefere, antes da violência dos muques, um terror psicológico daqueles. Dá uma de sedutor, tanto paquerando a mulher do traidor como fazendo arrepiar a nuca da filha. Torna-se, então, onipresente na vida do jurista. Um inferno que só não é pior que a surra que ele dá na amante do seu alvo, com direito a bochecha “ao dente”. Tudo isso porque Max é um cara “justo”.
O mais imprevisível - Hannibal Lecter > Anthony Hopkins (O Silêncio dos Inocentes): Hannibal Lecter consegue entrar no ritmo de qualquer situação. Na cadeia, é todo sorriso e prestativo, mantendo a distinção na cela, auxiliando uma atormentada agente do FBI a encontrar um outro serial killer. Pós-graduado em psiquiatria, até umas sessõezinhas de terapia ele vai dar de graça à moça. Destrancado, contudo, ele se transforma, emergindo o seu verdadeiro “eu”, o de assassino e psicopata. Lecter deixa toda a elegância e erudição de lado para se assumir selvagemente, degustando carnes humanas in natura ou como ingrediente de pratos bizarros da moderna cozinha. E entre uma glote e outra devoradas, o inteligentíssimo e distinto Lecter mostra-se, também, um conquistador e tanto. Clarice, a tal agente do FBI, há de atestar.
O mais violento - Vincent > Tom Cruise (Colateral): O pior violento talvez seja aquele cuja aparência passa longe do que se entende por bandido. E Vincent, garboso, com seu terno cinza, cabelos idem e pasta em punho, parece mesmo um desses homens de negócios quando entra no táxi que vai levá-lo a seis endereços distintos em Los Angeles. Com a rota já acertada (matar uma pessoa em cada parada), Vincent até improvisa. Aproveita as brechas para dar uma espairecida, e entra num clube de jazz para ouvir um trompetista emulando Miles Davis. E Vincent fica encantado com a performance. Nem parece que, minutos depois, vai lhe dar uns tiros no crânio. É um grande profissional, sem dúvida. Desses que
acham o prazer no trabalho. Ou a beleza na violência.
O mais inteligente - HAL 9000 > Voz de Douglas Rain (2001 – Uma Odisseia no Espaço): Não é qualquer um que tem competência para gerenciar todas as atividades de uma espaçonave em missão a Júpiter. Pois o supercomputador HAL 9000 não só dá um trato no maquinário como também cuida como pai da tripulação da Discovery, conversando, jogando xadrez (e vencendo) e opinando sobre uns desenhos. Até leitura labial o danado sabe fazer. É graças a isso que descobre que querem desligá-lo, depois de um pequeno equívoco, desses que todo gênio pode cometer. Determinada, a máquina não sairá do seu posto, e eliminará todos os integrantes. Até chegar ao último, que está fora da nave, pedindo para entrar. E, com a calma fina dos intelectuais, HAL lhe diz: “Desculpe-me, Dave, temo que isso não seja possível”.
O mais brasileiro - Zé Pequeno > Leandro Firmino da Hora (Cidade de Deus): O mais célebre e violento traficante da Cidade de Deus sempre foi monstruoso. Desde pequenino, aliás, quando ainda se chamava Dadinho e já executava cruelmente leais companheiros de gangue. O tempo passou, e mais temido em cada quebrada e esquina o rapaz ficou. Zé Pequeno é outro marginal célebre do cinema nacional, mas seu banditismo nada tem a ver com a tradição do país em apontar as vítimas sociais. Ele parece mais saído das manchetes dos telejornais atuais, essas que mostram traficantes armados até os dentes, agindo como num filme de gângster, atirando a torto e a direito. Um bandido por pura convicção e talento, sem dúvida. E o mais inesquecível da história da nossa cinematografia.
Para você, qual é o o melhor vilão do cinema?
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