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quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Maria que casou com João que casou com Ana

As relações múltiplas ganharam até um dia comemorativo na Inglaterra E os três viveram felizes. Essa é a proposta do “poliamor”, uma tradução livre de “polyamory”, definição em inglês para relações múltiplas envolvendo homens e mulheres. Esse modelo de relacionamento não é exatamente novo – começou a ser debatido no início dos anos 90 –, mas vem ganhando visibilidade na internet e vai ter até um dia comemorativo em 26 de setembro em Londres. Nova York já tem seu “Polyday” no mês de outubro.

O site Polyamory.org.uk, lançado recentemente no Reino Unido, define o poliamor como um “estilo de vida” que inclui a construção de relações duradouras com vários parceiros de maneira “aberta, honesta e não-possessiva”. E toma o cuidado de diferenciar a prática do swing – que busca apenas a satisfação sexual imediata, uma noite e nada mais – e da poligamia – em que o homem pode buscar novas parceiras, mas elas não têm liberdade nenhuma. No poliamor, homens e mulheres têm liberdade para buscar, de comum acordo, novos integrantes – de qualquer sexo ou orientação sexual – para a relação. Também parece ser diferente de um relacionamento aberto, já que os novos parceiros podem não ser casuais e, em muitos casos, passam a morar junto com o casal. O site também traz um guia que responde às perguntas mais comuns – o poliamor é para mim? o que fazer com o ciúme? como contar para a família? –, e depoimentos de quem vive a experiência há anos.

O jornal britânico The Independent publicou uma reportagem especial neste domingo contando como é a vida de alguns adeptos do poliamor, que acreditam que ter mais parceiros é ter mais amor, e quais são as dificuldades de ter uma relação desse tipo. As principais são o ciúme e a divisão do tempo entre os parceiros.

Se já é difícil dividir o tempo entre o trabalho, as responsabilidades de casa e um parceiro, fico imaginando como os “poliamoristas” lidam com dois, três de uma vez, e com o ciúme que pode surgir da percepção de que um recebeu mais atenção, carinho, sexo, o que for, do que o outro. O fundador do site Polyamory.org.uk, o artista inglês Graham Nicholls, de 34 anos, define assim sua visão do poliamor:

O real poder do poliamor para mim é a maneira como ele desenvolveu minha habilidade de ver as pessoas não apenas a partir das minhas necessidades, mas em termos do que as fazem felizes. Tive que responder a mim mesmo por que ver meu parceiro com outra pessoa me fazia infeliz, e a única resposta era que eu não estava fazendo algo que me fazia feliz, por isso ficava com ciúme, ou que eu sentia medo de perdê-lo. Quando temos medo de perder alguém, seguramos mais forte e estabelecemos regras. E esse é a abordagem comum da monogamia, eu acho, e pode funcionar, mas não permite um crescimento genuíno. Estabelecer regras de controle para os meus parceiros apenas parecia me desviar da confiança, da comunicação e de ter minhas necessidades realmente atendidas. Sinto que, se há uma comunicação verdadeira, não há necessidade para regras como essas. O amor verdadeiro e a consideração querem dizer que o parceiro não vai fazer algo sem levar em consideração os seus sentimentos.

Pelo depoimento de Nicholls, dá para ver que ele acredita que o poliamor é uma forma mais elevada de relacionamento, uma espécie de evolução da “monogamia egoísta”, que dependeria do controle das pessoas para a satisfação de seu parceiro. De fato, existem muitos casais que se envolvem no perigoso jogo do controle com a ilusão de garantir o amor e a fidelidade do parceiro. Outro dia, para meu espanto, uma amiga me contou que só pode encontrar com uma de suas amigas de infância na praça de alimentação do shopping. Qualquer barzinho, mesmo aqueles que ficam dentro do próprio shopping, está fora de questão porque o namorado da menina fica bravo (?!). Mas, pelo menos entre as pessoas com quem convivo, esse tipo de controle é exceção. Até onde consigo ver, não é preciso ser adepto do poliamor para entender que as pessoas precisam de seu espaço e que regras rígidas podem trazer mais problemas e constrangimentos do que benefícios para o amor.

O que você acha: a capacidade de ser feliz em um relacionamento múltiplo é um sinal de evolução do amor e de desprendimento?

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