Desequilíbrio de ciclo nutricional afeta sobrevivência.
Aquecimento no Ártico foi duas a três vezes maior que a média global.
A temperatura média da superfície terrestre subiu 0,4°C nos últimos 150 anos. Mas no Ártico o aquecimento foi duas a três vezes maior. Nas últimas duas a três décadas, a extensão mínima da calota de gelo sobre o mar ártico recuou 45 mil quilômetros quadrados por ano. Evidentemente, isso não pode ocorrer sem consequências. Pesquisadores liderados por Eric Post, do departamento de biologia da Universidade Estadual da Pensilvânia, publicaram na “Science” um balanço dos impactos do efeito estufa sobre ecossistemas do Polo Norte.
Eric Post
As espécies mais afetadas são aquelas que dependem do gelo para obter provisões, reproduzir-se e para escapar de predadores. Estão nessa situação incômoda a foca-de-crista ou foca-de-capuz (Cystophora cristata), a foca anelada (Pusa hispida), a morsa do Pacífico (Odobenus rosmarus divergens), o narval ou unicórnio-do-mar (Monodon monoceros) e o urso polar.
Mas há muitos outros sinais de desarranjo. Por exemplo: a população de raposas-do-Ártico (Alopex lagopus) está declinando em certas áreas, enquanto cresce a de raposas-vermelhas (Vulpes vulpes). Em algumas regiões da Groenlândia, o princípio da temporada de crescimento de vegetação foi antecipado, enquanto o período de procriação das renas (Rangifer tarandus) continua como sempre foi. O auge de oferta de alimento acontece agora antes do pico de demanda das fêmeas prenhes. Quando elas mais precisam, a comida já está escasseando. O resultado disso é um desequilíbrio de ciclo nutricional que está reduzindo o número das crias e abreviando seu tempo de vida.
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