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segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Opinião: Comparar habilidades diferentes acirra competição entre irmãos

Comentários para aquele não tão brilhante tendem a ressaltar dificuldades.
Filhos devem ser reconhecidos pelo que são capazes de fazer.
Foto: Arte/G1Por mais que todo mundo diga que não devemos comparar os filhos em suas habilidades, em algum momento um comentário desse tipo escapa. Às vezes, a intenção é boa – estimular um deles a conseguir fazer algo de domínio do outro, por simplesmente perceber seu potencial. Ou então, por valorizar algo, como um esporte, o pai espera que todos sejam bons onde apenas um se destaca. Nem sempre a intenção é nobre.


Como acontece em determinadas famílias em que um dos pequenos parece beirar a perfeição. É o primeiro em tudo, principalmente na escola, tendo seu desempenho invejado por todos. Para os outro filhos, ficam o segundo e terceiro lugares. Ou nenhum. Os olhos sempre voltam-se para aquele que se sobressai. E mesmo que os outros pudessem se destacar em algo, isso dificilmente seria notado.

E os comentários de estímulo para aquele não tão brilhante tendem a ressaltar alguma dificuldade que tenha, dizendo ou insinuando que em relação ao irmão seu desempenho deixa a desejar. Muitas vezes, falam com todas as letras que poderia ser como o outro, mas que não é. Ou que nunca chegará a sê-lo.

Nem sempre as coisas são explícitas, ditas diretamente. Por exemplo, em algum encontro familiar os pais se derretem frente as últimas conquistas de um dos filhos, esquecendo dos outros. Ou mesmo os avós, lembrando a toda hora o quanto tal primo é bom na escola, ganhando inclusive medalhas.

Apesar de não dizerem nada de negativo ou de comparativo para os outros, é claro que eles percebem que não são tão bons para aquela família quanto o alvo do elogio. Alguns chegam a se resignar a esse status que lhes é dado – passam a achar que nunca serão bons em nada mesmo. Afinal, nunca conseguem tantas vitórias como aquele ser especial que é seu irmão.

E assim, vão pela vida ocupando os segundos e terceiros lugares como uma penitência por serem simples mortais. Só que a vida é constituída de seres assim e que podem ser especiais. Desde que possamos enxergar isso.

Todos somos únicos

As pessoas tendem a comparar as coisas de modo a determinar o que é melhor ou pior. Como se algo só fosse ruim pela outra coisa ser boa. Quando somos comparados com o outro, sendo ele o melhor, é muito desconfortante. Pode gerar sentimentos negativos, propiciando uma baixa auto estima.

Sem contar que ao fazermos isso com os filhos, podemos estar acirrando entre eles uma competição já natural entre irmãos: todos querem ser os preferidos aos olhos dos pais.


Para evitar coisas do tipo, um caminho interessante é começarmos ver nossos filhos como seres únicos, cada um deles. Todos somos únicos. Se um é bom na natação, o outro pode ser alguém que goste, aprecia e entende de literatura. Se um é dez na escola, o outro pode ser seis, mas é responsável e bom aluno, precisando apenas de um pequeno estímulo para que melhore seu desempenho. Que não será através de ser lembrado o quanto seu irmão é muito melhor que ele.

Assim, ao serem reconhecidos pelo que são e não pelo que não são, os filhos vão poder seguir em frente podendo confiar em si próprios, o que lhes possibilitará crescer e desenvolver suas potencialidades. Mesmo que seu irmão seja melhor em algumas coisas.

(Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga)

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