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domingo, 6 de setembro de 2009

Grupos de corrida são nova opção para arrumar namorado, dizem atletas

Entre as vantagens dos corredores, estaria cuidado com qualidade de vida.
Conheça casais que se formaram entre alongamentos e planilhas.
Foto: Arquivo pessoal / Divulgação

O engenheiro Marcelo e a psicóloga Danielle se conheceram em um grupo de corrida e hoje estão casados

É certo que o amor pode aparecer em qualquer lugar, a qualquer hora. Mas, normalmente, quem está solteiro busca conhecer pessoas novas em festas, bares ou eventos noturnos. Só que há um novo cenário para o surgimento de um romance e é de manhã bem cedo: as competições e os grupos de corrida.

As vantagens em namorar pessoas desse meio são muitas, de acordo com os adeptos do esporte que conseguiram encontrar um amor: melhora a qualidade de vida, o alto astral é mais frequente do que entre os admiradores da vida noturna, a alimentação fica mais saudável e o estresse diminui, já que a endorfina (hormônio que gera bem-estar) é liberada em alta quantidade durante os treinos.

No Rio, as oportunidades não são poucas, já que os grupos de corrida têm aumentado significativamente. Quem passa pela Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul, percebe que o número de barraca de corredores duplicou, assim como aumentou também o número de inscritos nos eventos que acontecem durante todo o ano.

Treinos e comemorações

Para Marcius Duarte, professor da equipe Runners, muita gente entra para a equipe não só para correr, mas principalmente para fazer amizade: “Tem um grupo grande de mulheres e homens solteiros. E a gente sempre promove eventos fora da corrida, como viagens, queijos e vinhos ou festas”.

Foi numa dessas celebrações que Cláudio Gandelman, presidente do site de relacionamento Par Perfeito, conheceu a mulher, analista do mercado financeiro.

“Depois daquele dia a gente passou a treinar junto e hoje somos casados. Temos uma filha de um ano e seis meses que nasceu das pistas de corrida”, disse o executivo, que vai correr com o seu amor a próxima meia-maratona do Rio. Para ele, a principal vantagem em ser casado com uma parceira de corrida é que os dois dormem e acordam cedo: “Só quem corre é que entende o vício da corrida”, disse.

Foto: Arquivo pessoal / Divulgação

Marcelo e Danielle registraram o início do namoro, na maratona de Paris, em 2008

Romance na maratona de Paris

Em 2008, após o término de um relacionamento, a psicóloga Danielle Dantas começou a treinar para a maratona de Paris. Um dos integrantes do seu grupo de corrida, o engenheiro Marcelo Arraes, também tinha terminado o namoro na mesma época e eles passaram a conversar mais. A equipe partiu para a cidade que é considerada uma das mais românticas do mundo e, durante a viagem, deu-se o início o namoro.

Eles estão recém casados e, segundo ela, o amor “é para a vida toda”.

“A atividade por si já é algo admirável e ter essa paixão em comum é importante. A corrida tem muito a ver com disciplina e isso facilita o relacionamento, porque se ambos gostam, vão se programar em função disso. E ninguém corre e vai embora, tem sempre uma convivência social, você acaba participando da vida das pessoas e vê muita história de superação”, argumenta a psicóloga, que começou a correr em 2004, sem conseguir completar 5 km, e hoje tem sete maratonas no currículo.

Para ela, o ambiente da corrida estimula as pessoas a se superarem e isso gera admiração entre os participantes. “É uma atmosfera muito positiva, de muita luta, muita garra, alto astral, então isso já estimula a força de vontade. Isso acaba te ajudando em outras coisas na vida, como o relacionamento pessoal e o trabalho”.

No meio de 2009, Danielle teve que sair da empresa onde trabalhava há 10 anos e foi uma fase difícil: “Eu corri atrás, me recoloquei, não deixei a peteca cair e consegui uma oportunidade em São Paulo. A gente está vivendo essa mudança com um aspecto muito positivo”, disse ela, que está aguardando o marido conseguir um emprego na capital paulista.

“Não abandonei a corrida, essa é a vantagem desse esporte, você pode treinar em qualquer lugar, a qualquer hora. Não tenho mais a praia, mas tenho o Ibirapuera. Tudo a gente se adapta”, afirmou a psicóloga, dando o exemplo de como o aprendizado na corrida influenciou na sua vida.

Foto: Arquivo pessoal / Divulgação

O casal Filipe e Daniela posam para foto depois da maratona de Amsterdã, em 2005

Abordagem diferente

O casal Filipe de Camargo, de 34 anos, e Daniela Modiano, de 30, se conheceram na equipe Filhos do Vento, que alterna os treinos entre a Lagoa e a praia do Leblon, na Zona Sul. Ele é advogado e ela, engenheira. A estratégia de conquista dele foi diferente:

“Eu falava que os meus treinos eram iguais aos dela, mas era mentira. Foi uma forma de me aproximar”, revelou Filipe, que já corria há dois anos quando Daniela começou no esporte.

O romance começou em 2004 e hoje o casal guarda medalhas de provas realizadas no mundo inteiro: Buenos Aires, Amsterdã, Paris e em outubro vão correr a maratona de Chicago, para depois viajar pelos Estados Unidos. Segundo Filipe, todas as férias de trabalho são programadas em função das competições internacionais: “Fora a nossa lua-de-mel, sempre tem uma prova no meio da viagem”.

Para ele, namorar quem não corre é complicado. Filipe contou que muitos casais do grupo já se separaram por conta disso, pois é preciso abrir mão de muita coisa por conta do esporte. Um exemplo são as compras de supermercado: “Aqui em casa é mais importante ter carboidrato em gel do que comida”, contou.

Foto: Arquivo pessoal / Divulgação

Bernardo e Camila se conheceram em provas de corrida, mas fora das pistas

Amor de bastidores

Neste final de semana (29 e 30), acontece a 5ª edição do XTerra Brazil 2009, em Angra dos Reis, no litoral Sul Fluminense. O evento tem cinco tipos de competição e reunirá mais de 2 mil atletas, entre homens, mulheres e crianças. O responsável pelo festival é Bernardo Fonseca, de 31 anos. Ele também conheceu seu amor nas competições de corrida:

“Eu organizava o Circuito Carioca, que tinha o patrocínio da Fila. A Camila era gerente de marketing da marca e tinha que ir às competições. Depois de dois anos de convivência, a gente acabou namorando. Quem trabalha nesses eventos também gera casamento”, brincou.

Em 2007, quando começou o namoro, Bernardo iniciou o treino para um desafio que até então nenhum brasileiro tinha participado: correr 42 km na Antártica, a chamada Maratona do Gelo. A temperatura chegou a – 10º C.

Foto: Arquivo pessoal / Divulgação

O pequeno João, fruto do amor que nasceu nos eventos de corrida, dá os primeiros passos em uma competição

“Ela foi me esperar no Chile, depois da prova, e foi ali que o Joãozinho foi gerado”, contou o pai do João, que hoje tem 10 meses e já participou de uma prova do XTerra. “Ele estava começando a andar e entrou no espírito da prova”, disse Bernardo.

A mulher, Camila Fonseca, tem 26 anos e está grávida de 5 meses do segundo filho. Ela não é corredora, mas como trabalha com eventos de corrida, entende o marido. “Eu acordava 4h30 da manhã, minha alimentação era toda regrada, se for alguém de festa não dá. Ela sempre me acompanhou, sempre foi parceira”, elogiou o organizador.

Bernardo acredita que o diferencial do XTerra é a festa realizada ao fim da competição, no Hotel Portobello.

“Tem gente que só está interessada na festa. É legal porque um ano depois a gente tem histórias de amor pra contar. Além disso, a prova da corrida é à noite, tudo escuro, numa trilha de terra, sempre rola aquela ajuda no meio da competição e no final tem assunto pra puxar”, brincou Bernardo.

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