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segunda-feira, 6 de julho de 2009

Empresa farmacêutica informa primeiro caso de resistência do H1N1 a remédio

Paciente na Dinamarca carrega vírus que resiste a Tamiflu, diz Roche.
Preocupação é que essa característica se espalhe pelos demais vírus.

Um paciente com a nova gripe na Dinamarca mostrou resistência ao antiviral Tamiflu, da Roche, disse um executivo da companhia farmacêutica nesta segunda-feira (29). "Este é o primeiro caso que temos disso (resistência) no H1N1", disse David Reddy, líder da força-tarefa de pandemia da Roche, durante teleconferência com jornalistas, informa a agência de notícias Reuters.

Foto: Divulgação

Estrutura característica da 'carapaça' do vírus

"Existem duas linhas de medicamentos contra o vírus da gripe hoje. Uma delas, a amantadina, impede a entrada do vírus nas células humanas. A outra, de medicamentos como o Tamiflu [cujo princípio ativo é o oseltamivir], tenta barrar a saída do vírus de uma célula quando ele tenta infectar outras", explica Atila Iamarino, biólogo da USP que faz doutorado sobre evolução de vírus como o HIV.

A novidade é preocupante justamente porque, desde o começo, já se sabia que a nova cepa do H1N1 era resistente à amantadina, de forma que o oseltamivir, princípio ativo do Tamiflu, era considerado a única arma relativamente efetiva contra ele. Se a resistência detectada na Dinamarca se espalhar pela população viral, não adiantará mais usar o medicamento para mitigar a infecção.

Esperado

Iamarino lembra que um estudo publicado neste mês na revista científica "Nature Biotechnology" já apontava a possibilidade de resistência ao Tamiflu por parte do H1N1, com base numa análise do material genético do vírus. "Esses dados, porém, dizem que ainda sim o vírus pode ser resistente ao zanamivir, ou Relenza, o outro inibidor de neuraminidase [proteína do vírus que o Tamiflu ataca] usado atualmente", afirma o biólogo.

Ele conta também que é relativamente comum o surgimento de resistência ao Tamiflu durante o tratamento da infecção. "Um estudo japonês encontrou mais de 15% de resistência em crianças tratadas durante a infecção pela gripe normal", diz. Em especial no caso das crianças, o fato de elas terem tido menos contato com o vírus da gripe do que os adultos, a maior duração da infecção e a imunidade mais baixa poderia aumentar as chances de um vírus resistente ser selecionado após os suscetíveis serem eliminados pelo tratamento.

"Resumindo, é esperado que, com o tratamento sendo utilizado cada vez mais, surjam casos de resistência como esse, ainda mais em crianças. A grande preocupação é que o vírus resistente se espalhe. No caso do H1N1 atual, vindo dos suínos, a resistência surgiu sob pressão do tratamento, e frequentemente esses vírus são menos eficientes do que os selvagens [ou seja, a forma original do patógeno], só crescendo favorecidos pelo uso da droga", avalia Iamarino.

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