Documentário traz de volta a saudosa TV Manchete - Confira o Teaser

quinta-feira, 9 de abril de 2009

MEMÓRIA DA TV - DRAMATURGIA: DA COR DO PECADO


Autoria: João Emanuel Carneiro
Colaboração: Ângela Carneiro, Vincent Villari e Vinícius Vianna
Supervisão de texto: Silvio de Abreu
Direção: Paulo Silvestrini e Maria de Médicis
Direção geral: Denise Saraceni e Luís Henrique Rios
Direção de núcleo: Denise Saraceni
Período de exibição: 26/01/2004 – 28/08/2004
Horário: 19h
Nº de capítulos: 185
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Trama/ Personagens:
- Comédia romântica ambientada em São Luís (MA) e no Rio de Janeiro, nos dias atuais, Da cor do pecado tem como eixo central o romance inter-racial vivido pela pobre feirante Preta (Taís Araújo) e o rico Paco (Reynaldo Gianecchini). Os dois são personagens de um triângulo amoroso formado com Bárbara, interpretada pela atriz Giovanna Antonelli.
- Paco e Preta se conhecem quando o botânico viaja a São Luís para realizar uma pesquisa sobre ervas medicinais. Os dois se apaixonam, e ele volta ao Rio de Janeiro decidido a terminar seu relacionamento com a noiva, a ambiciosa e interesseira Bárbara, por quem nunca foi apaixonado. Paco, no entanto, é surpreendido pela notícia de que ela está grávida.

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Confuso, ele não conta a verdade para Bárbara e foge para o Maranhão disposto a se casar com Preta. Bárbara vai atrás do noivo e descobre o romance dele com a feirante. Temerosa de que seu tão planejado golpe do baú fracasse – gananciosa, sempre objetivou casar-se com Paco para compartilhar sua fortuna –, ela passa a fazer de tudo para separar o casal, com a ajuda de seu amante Kaíke (Tuca Andrada), que a acompanha na viagem.

Lima Duarte. João Miguel Júnior / TV Globo.

- Um dos planos de Bárbara dá certo. Ela põe sonífero em uma bebida de Preta, e faz com que Paco a flagre na cama com Dodô (Jonathan Haagensen), ex-namorado da moça, que aceita participar da tramóia. A esta altura, Paco também já descobrira a farsa de Bárbara, após vê-la beijar Kaíke e ouvi-la dizer que só esperaria completar um ano de casada para passar a receber pensão. Desiludido, Paco decide voltar ao Rio.
- Paco perdeu sua mãe aos cinco anos de idade e foi criado pelo pai, o milionário Afonso Lambertini (Lima Duarte). Único herdeiro de uma das maiores fortunas do país, ele se recusa a receber qualquer dinheiro do pai, com quem mantém uma relação difícil porque não concorda com a falta de escrúpulos com que ele construiu seu império.

Reynaldo Gianecchini como "Paco". Gianne Carvalho / TV Globo.

O rapaz, no entanto, desconhece sua verdadeira origem. Paco é filho de Afonso e Edilásia (Rosi Campos), antiga empregada de seu pai. Os dois tiveram um caso, e ela engravidou. Como não conseguia ter filhos com a esposa, Afonso obrigou a moça a entregar-lhe a criança para ser criada por ele e a mulher. Edilásia, no entanto, deu à luz gêmeos. Sem deixar que o patrão tomasse conhecimento do fato, deu a ele apenas um dos filhos e ficou com o outro, Apolo (também interpretado por Reynaldo Gianecchini). A única que conhece a história é Germana (Aracy Balabanian), amiga de Edilásia e governanta dos Lambertini. Edilásia agora é uma viúva com cinco filhos: Apolo, Ulisses (Leonardo Brício), Thor (Cauã Reymond), Dionísio (Pedro Neschling) e Abelardo (Caio Blat).

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- De volta ao Rio, Paco não consegue se livrar da ardilosa Bárbara. Ela convence Afonso de que o filho está perturbado e precisa ser internado. Para escapar da internação, Paco foge em um helicóptero do pai e acaba levando Bárbara com ele. Durante uma discussão com a ex-noiva, o botânico joga a aeronave contra o mar. Bárbara consegue escapar e nada até uma praia. Paco desmaia e é salvo por Ulisses, que acha que ele é Apolo. Isto porque, nesse mesmo dia, Apolo desaparecera no mar após sofrer um acidente de barco. Ele estava junto com Ulisses, que empreendeu uma busca incansável para achar o irmão.

Reynaldo Gianecchini e Taís Araújo. Gianne Carvalho / TV Globo.

- Como o corpo de Paco não é encontrado pelas equipes de resgate, ele é dado como morto. Afonso, Germana e Edilásia, assim como Preta, choram sua morte. Sem conseguir convencer Ulisses de que não é Apolo, Paco acredita que a confusão pode ser uma oportunidade para começar uma nova vida. Ele assume essa outra identidade e passa a conviver com Edilásia e seus quatro irmãos, tentando se adaptar aos costumes da família. Ulisses, desconfiado de que aquele não é Apolo, descobre a verdade, mas passa a ajudar Paco na farsa, ensinando-o a agir como o irmão. Diferentemente do introvertido Paco, Apolo era desinibido e “cuca fresca”.
- Triste com a morte de Paco, Preta encontra um motivo para celebrar a vida: ela está grávida do botânico.

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- Há uma passagem de tempo de oito anos na história. Preta nunca quis saber da família nem da fortuna de Paco. Mas depois que o filho Raí (Sérgio Malheiros) se interessa em saber quem era seu pai, e sua mãe, Lita (Solange Couto), morre, Preta decide viajar para o Rio de Janeiro, disposta a apresentar o filho à família de seu pai. Bárbara que, com a morte do biólogo, passou a receber uma pensão de Afonso para criar o filho Otávio (Felipe Latgé) – na verdade, fruto de seu relacionamento com Kaíke – sente-se ameaçada com a presença de Preta e tenta, a todo custo, evitar a aproximação do milionário com seu verdadeiro neto e herdeiro. Mais tarde na trama, porém, Afonso e Raí desenvolvem uma afetuosa relação e esse relacionamento faz com que o avô reveja seus preconceitos e antigas convicções. Já Paco, fazendo-se passar por Apolo, reaproxima-se do pai e de Preta que, a esta altura, está envolvida com o advogado Felipe (Rocco Pitanga), braço direito do empresário. Preta e Paco acabam retomando a relação, mas ele não revela à amada sua verdadeira identidade.

Reynaldo Gianecchini. Renato Rocha Miranda / TV Globo.

- A vilã Bárbara, agora, passa a ter como aliado em seus planos o dissimulado Tony (Guilherme Weber). Movido pela vontade de vingar a morte de seu pai – que se suicidou após ter sido arruinado por Afonso –, Tony conquista a amizade e a confiança do empresário e acaba nomeado vice-presidente do grupo Lambertini. No desenrolar da história, Tony mata Afonso, mas os personagens só descobrem a verdade no final.
- Muitos encontros e desencontros depois, Preta entende as justificativas de Paco em fazer-se passar por Apolo, e os dois finalmente ficam juntos. Bárbara tem um fim trágico: ela se mata, não sem antes acabar com a vida do comparsa Tony. Apolo, que todos acreditavam ter morrido, reaparece no último capítulo, para alegria da família. Ele é encontrado por Ulisses após viver todo esse tempo como náufrago em uma ilha.

Reynaldo Gianecchini e Taís Araújo. João Miguel Júnior / TV Globo.

- Em São Luís, Preta tem como grande amigo o falso vidente Helinho – Matheus Nachtergaele, em sua primeira participação em uma novela. Ele ganha a vida enganando quem deseja se comunicar com parentes falecidos, arrumar namorados ou ganhar na loteria. Para isto, conta com a ajuda do atrapalhado Cezinha (Arlindo Lopes), que faz uma pesquisa prévia sobre os clientes antes das consultas, para que o vidente simule receber informações do além. Francisco Cuoco entrou depois na trama para fazer uma participação especial como o renomado pai-de-santo Gaudêncio, a quem Pai Helinho recorre para tentar se livrar dos espíritos que realmente passam a atormentá-lo, como o falecido marido de Tancinha (Vanessa Gerbelli), mulher com quem o vidente se envolve. Este é um dos núcleos cômicos da história. Rendeu boas gargalhadas com os trejeitos e reações de Pai Helinho, que teve até um bordão popularizado entre o público.

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- O humor é garantido, ainda, pela família Sardinha, formada por Edilásia (a Mamuska), e seus filhos. A família é reconhecida e respeitada por seu estilo peculiar de lutar, desenvolvido pelos antepassados do patriarca Napoleão Sardinha, um reverenciado campeão. Edilásia cria os filhos com um único objetivo: tornarem-se grandes lutadores. A exceção é Abelardo que, para desgosto da mãe, quer ser maquiador. Além de exercícios diários e uma alimentação natural intragável, eles tomam uma sopa mágica que proporciona uma grande força, cuja receita é guardada a sete chaves pela matriarca. O cachorro Vitamina também faz parte dessa família. O autor se inspirou na linguagem das histórias em quadrinhos para criar esse núcleo.

Taís Araújo. João Miguel Júnior / TV Globo.

- A família aumentou com a entrada da paqueradora Tina (Karina Bacchi) e, posteriormente, com a chegada do cantor Sidney Magal, como intérprete do veterano surfista Frazão. Como a família Sardinha, ele domina as artes marciais, e acaba despertando o amor de Edilásia. Outras que se juntaram aos Sardinha foram as irmãs Bazaróv, as lutadoras Greta (Samara Felippo), Nieta (Fernanda Paes Leme) e Natasha (Tarciana Saad), todas elas com um visual semelhante ao de Mamuska, com um coque em cada lado da cabeça. Os personagens da família fizeram muito sucesso, principalmente entre o público infantil, e viraram figurinhas de embalagens de chicletes com a marca da novela. Foi até cogitada a possibilidade de aproveitá-los em uma sitcom. Além disso, a própria novela acabou se transformando em álbum de figurinhas.

Taís Araújo. Gianne Carvalho / TV Globo.

- Os “ricos de araque” Verinha (Maitê Proença) e Eduardo (Ney Latorraca), pais de Bárbara, também se destacam na trama como personagens engraçados. Grã-finos decadentes, os dois se vêem obrigados a dividir o mesmo apartamento, apesar de estarem separados, e disputam coisas materiais como um ovo frito, um lenço de seda ou uma baixela. A pobreza – não só a econômica, mas a de espírito – é enfocada com muita diversão. A atriz Graziela Moretto se juntou à dupla ao longo da novela e também emprestou seu humor a esse núcleo.
- Da cor do pecado se destacou por apresentar a primeira protagonista negra de uma novela contemporânea e urbana, interpretada pela carioca Taís Araújo. Em 1996, Taís viveu a personagem-título da novela de época Xica da Silva, exibida na extinta TV Manchete.
- A novela discute a falta de ética em um mundo marcado pelo materialismo e aborda a questão racial, com ênfase nas relações humanas em geral. Mereceu elogios de alguns críticos a transparência com que a novela mostrou, através dos diálogos dos vilões, a forma preconceituosa de se dirigir aos negros.

Reynaldo Gianecchini como "Apolo". Gianne Carvalho / TV Globo.

Curiosidades:
- Da cor do pecado marca a estréia de João Emanuel Carneiro como autor de telenovela.
- Bárbara é o primeiro papel de Giovanna Antonelli como vilã.
- A novela contou com lançamentos de atores e participações especiais. Kadu Moliterno foi juiz de um campeonato de surfe por um dia. Carolina Dieckmann interpretou Julia, uma bióloga que se envolve com Paco por alguns capítulos. Flávia Alessandra fez Lena, namorada do surfista Sal, interpretado pelo estreante em novelas Thiago Martins, depois escalado para interpretar Tadeu em Belíssima. Leona Cavalli e Micaela Góes viveram, respectivamente, Edilásia e Germana em cenas de flashback. Dani Bananinha, dançarina do programa Caldeirão do Huck, gravou como Tayani, amiga de Tina, convocada para testar a masculinidade de Abelardo. Marcello Ferreira, por ser parecido com Gianecchini, atuou como dublê de corpo do ator, participando de cenas externas e assustando Bárbara ao se passar pelo suposto fantasma de Paco.

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E o ator Jonathan Haagensen fez sua estréia em novelas no papel de Dodô, namorado de Preta no início da trama, assassinado durante a novela. Jonathan foi um dos destaques do filme Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles, onde interpretou o personagem Cabeleira.
- Na fase de preparação que sempre antecede o início das gravações, Reynaldo Gianecchini, Leonardo Brício, Caio Blat, Cauã Reymond, Pedro Neschling, Rosi Campos e Karina Bacchi tiveram aulas de artes marciais com o professor Dani Hu, formado em arte cênica chinesa e com experiência em trabalhos de ação e movimentação em teatro e em filmes nacionais e internacionais. Além de aulas regulares de kung fu, ele ensinou coreografias de lutas para que os atores pudessem interpretar seus papéis com segurança e realismo. Os exercícios envolviam movimentos das artes marciais em tom de comédia. O professor utilizou as habilidades de cada ator para criar um estilo particular para cada personagem.

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Como Abelardo é diferente dos irmãos, por exemplo, Caio Blat teve aulas de aikido, que se diferencia das outras artes marciais por visar a autodefesa, convertendo a força do oponente contra ele próprio. Já a atriz Rosi Campos teve aulas de tai chi chuan para diferenciar suas ações das dos jovens. Alguns atores também aprenderam a conduzir motocicletas, para cenas em que seus personagens aparecem dirigindo motos.
- Para viver a sensual Preta, Taís Araújo teve aulas de tambor de crioula, dança popular maranhense em que mulheres dançam em uma roda composta por homens tocando tambores. A primeira vez em que Paco vê Preta, e fica encantado, ela está dançando em uma dessas rodas. O elenco também participou de palestras sobre a cultura da região em que é ambientada a trama, uma delas ministrada pela cantora Alcione que, nascida no Maranhão, chegou a preparar alguns dos pratos típicos de sua terra natal para ilustrar o evento. Reynaldo Gianecchini, Carolina Dieckmann e Leonardo Brício, por sua vez, aprenderam regras básicas de mergulho para a realização de cenas subaquáticas, que também contaram com a participação de dublês.

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- Além disso, o elenco contou com a ajuda da instrutora de dramaturgia Rossella Terranova para compor seus respectivos personagens.
- Da cor do pecado atingiu excelentes índices de audiência, chegando a superar os números da novela das 20h, e tendo sido apontada como o maior sucesso da emissora no horário, nos últimos dez anos. Desde a novela A viagem (1994) não se viam números tão expressivos.
- A novela, lançada em janeiro de 2005 no mercado externo, foi comercializada para mais de 40 países, entre eles: Albânia, Argentina, Armênia, Azerbaijão, Bolívia, Bósnia, Bulgária, Cazaquistão, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Eslováquia, Eslovênia, EUA,

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Guatemala, Israel, Macedônia, Moçambique, Moldávia, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Polônia, Portugal, Romênia, Sérvia e Montenegro, Ucrânia, Uruguai, Venezuela e República Dominicana. Na Argentina, ficou entre os programas mais vistos do país. Também alcançou índices expressivos no Peru, na Venezuela, no Equador e na República Dominicana, e foi líder absoluta de audiência na faixa em que foi exibida na emissora portuguesa SIC.

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- João Emanuel Carneiro recebeu o troféu da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) como autor revelação de 2004.
- Da cor do pecado foi reapresentada a partir de maio de 2007, no Vale a pena ver de novo.

Taís Araújo. Gianne Carvalho / TV Globo.

Trilha sonora:
- A trilha sonora nacional da novela era eclética, para abranger os diferentes núcleos existentes na trama. Destacavam-se alguns lançamentos, como o grupo de reggae maranhense Mystical Roots e o compositor do Maranhão Antonio Vieira, que lançou seu primeiro CD aos 82 anos. Também compunham a trilha músicos e bandas conhecidos como Alcione, Os Tribalistas, Skank, Zélia Duncan, Cássia Eller, Zeca Baleiro, Zeca Pagodinho, Fagner, Pitty e CPM 22. O tema de abertura era uma regravação da canção Da cor do pecado, de Bororó, na voz da cantora Luciana Melo.

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