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quinta-feira, 16 de julho de 2009

Por que transformei as cinzas do meu marido em diamante

Fotos: Erlei Schade e divulgação

Um diamante é para sempre. A dona-de-casa curitibana Leroy da Silva, de 73 anos, levou a sério essa máxima. Ela resolveu transformar as cinzas de seu marido, o militar Jorge Gaspar da Silva, morto em 1994, em um diamante. A joia acaba de chegar da Suíça e foi entregue à Dona Leroy em uma cerimônia nesta quinta 9, às 14h, em Curitiba. A empresa que a fabricou, Algordanza, garante que é o primeiro diamante de cinzas humanas no Brasil. A pedra é de 0,25 quilate e ficará com a filha de Dona Leroy, Lygia, de 51 anos. Dona Leroy disse a Mulher 7×7 que a pedra será colocada em um pingente. “É uma parte dele que estará com a família”, afirmou ela. Depois, o pequeno diamante será passado para o neto, filho de Lygia, Leandro Henrique, de 23 anos. “Os dois eram muito apegados”, conta ela. Dona Leroy afirmou ao blog que ficou muito emocionada com a cerimônia. “Foi tudo muito lindo. Eles passaram um DVD com toda a nossa história, do nosso casamento, do nascimento dos nossos filhos e com uma música linda”, disse ela.

A ideia de transformar as cinzas do militar em diamante surgiu em dezembro do ano passado, quando Dona Leroy decidiu cremar o marido. A cremação foi feita 14 anos depois da morte de Seu Jorge porque a viúva não queria mais que o corpo ficasse no túmulo. Isso é possível porque a química dos ossos não tinha sido alterada (ler explicação logo abaixo sobre como foi feito o diamante). Ao contatar a funerária Vaticano, a empresa representante da companhia suíça na América Latina ofereceu o serviço e ela aceitou. “Eu nunca tinha ouvido falar nisso. Achei que poderia ser uma recordação bonita. No começo, quando o corpo é enterrado, todos visitam. Depois o lugar vai ficando abandonado. Queria fazer algo para que o Velho ficasse perto da gente”, disse.

Velho é o nome carinhoso com que todos chamavam Seu Jorge na família. Dona Leroy foi casada com ele durante 36 anos. Contou que amargou um luto de dois anos e durante esse período nem com os amigos queria falar. Aos poucos foi se acostumando com a partida do Velho e hoje diz que sempre “conversa com a foto dele que fica em seu quarto”. “Quando eu saio, digo assim para ele: cuida da casa Velho. Ou quando estou cozinhando, falo para mim mesma: desse prato ele iria gostar”.

 ÁLBUM DE FAMÍLIA - Dona Leroy, Seu Jorge e os netos Camila (no colo) e Leandro Henrique quando pequenos
ÁLBUM DE FAMÍLIA
Dona Leroy, Seu Jorge e os netos Camila (no colo) e Leandro Henrique quando pequenos

O processo de fabricação do diamante é tão curioso como seu uso. Dos 2 kg de cinzas retirados dos ossos de Seu Jorge, meio quilo foi enviado ao laboratório suíço para produzir o diamante sintético. As cinzas foram submetidas a sessões de alta pressão e de temperaturas até 1.500 ºC durante quase três meses. Para obter a pedra, o carbono - elemento usado para a fabricação do diamante - foi separado de outras substâncias. Quando as cinzas humanas saem do crematório, elas recebem um número de série que é a identificação a ser usada em todo o processo. “No laboratório suíço, é feita uma auditoria da estrutura química da pessoa antes de iniciar a transformação das cinzas em diamante”, explica Mylena Cooper, uma das diretoras da funerária Vaticano. Depois de pronta a joia, o instituto gemológico suíço (que estuda as pedras preciosas), emite um certificado do diamante (autenticidade, cor, peso) para garantir à família que realmente são aqueles os restos mortais da pessoa. O preço das pedras varia de R$ 12.677 (0,25 quilate) a R$ 52.330 (um quilate).

O que fazer com o corpo de um ente querido é sempre uma discussão. E você, o que faria para ter por perto alguém que já se foi?

Casamento de Dona Leroy e Seu Jorge
Casamento de Dona Leroy e Seu Jorge

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