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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Inspirado em Obama, Partido do Sexo australiano quer chegar ao Parlamento

Aprovada em comissão eleitoral, sigla quer seguir campanha de democrata.

Foto: Divulgação / Arquivo pessoal

A fundadora e pré-candidata do partido ao Senado, Fiona Patten: em poucos meses, sigla conquistou mais de 2 mil filiados

Sexo e política só costumam ser citados numa mesma frase quando se trata de algum novo escândalo sexual envolvendo político, mas o recém-criado Partido do Sexo quer apimentar um pouco mais essa relação e levar o assunto para o Parlamento na Austrália.

Leia também: Bandeira do sexo já elegeu candidatos a cargos políticos

Com o slogan “Nós levamos sexo a sério”, a nova sigla foi criada em novembro como forma de combater a proposta do governo de um filtro para a internet, que pretende bloquear o acesso a uma lista de cerca de 10 mil sites com conteúdo considerado impróprio.

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    Escândalos sexuais acontecem porque geralmente os políticos dizem uma coisa e fazem outra. Nós não temos razão para hipocrisia."

Aprovado como partido político pela Comissão Eleitoral Australiana na semana passada, o partido quer agora chegar ao Senado. Para tanto, se inspira na campanha vitoriosa de Barack Obama à presidência dos Estados Unidos.

“Inspirados pela mobilização de militância do presidente Obama, estamos elaborando algo semelhante aqui, com as festas do Partido do Sexo. Não serão festas onde as pessoas poderão fazer sexo mas, como na campanha de Obama, vamos promover jantares, coquetéis e churrascos que tenham o partido como tema, onde possamos debater nossas políticas e, eventualmente, conquistar doadores”, disse a fundadora, Fiona Patten, ao G1.

Candidata

Estilista e funcionária de empresas de diversão adulta, ela confia nos mais de 2 mil membros que já aderiram ao partido nos últimos meses para conquistar uma das cadeiras do Senado, nas eleições de março.

“Resolvemos focar no Senado por ser a Casa revisora de leis e por acharmos que podemos ter maior influência lá. Mas há um grande número de apoiadores em suas comunidades que podem se tornar grandes candidatos à Câmara”, diz.

Foto: Divulgação / Arquivo pessoal

A pré-candidata em foto de divulgação: 'nosso políticos estão se tornando cada vez mais conservadores'

Entre os possíveis eleitores, a fundadora do Partido do Sexo contabiliza, além dos filiados, o público adulto simpatizante do partido na internet que, segundo ela, pode ajudar a divulgar as idéias da sigla a até 30% da população australiana.

Combate à censura, educação sexual nos currículos escolares, políticas de igualdade entre os sexos e direitos gays estão entre as bandeiras da agremiação. O site do Partido do Sexo lista algumas razões para se tornar um filiado: “Como um membro do Partido do Sexo você estará ajudando a eleger legisladores que gostam de sexo e não têm medo de apoiar outros no caminho por uma vida sexual plena.”

“Na Austrália, nossos políticos estão se tornando cada vez mais conservadores em matéria de sexo e sexualidade. Temos muitos cristãos fundamentalistas no Senado. O Partido do Sexo australiano pode ser uma voz de combate a este conservadorismo”, discursa Fiona Patten.

Uma das vantagens do partido, ela diz, é que “dificilmente” seus membros serão envolvidos em algum escândalo sexual. “Escândalos sexuais acontecem porque geralmente os políticos dizem uma coisa e fazem outra. Nós não temos razão para hipocrisia.”

Constrangidos

A falta de interlocução com os políticos locais, segundo Patten, foi uma das razões para a criação do partido. “Infelizmente, até agora muitos políticos australianos têm dificuldade em discutir temas sexuais de maneira positiva ou progressista. Eu tenho falado com políticos sobre a indústria do sexo nos últimos 20 anos e, num primeiro momento, eles geralmente riem ou ficam constrangidos”, diz.

Foto: Divulgação / Arquivo pessoal

Fiona Patten

Ela compara a escalada do conservadorismo no país, junto com a proposta de criar filtros para a internet --também combatida por outras organizações-- com “algo semelhante ao que acontece atualmente na China”. Na última sexta, o país asiático recuou do plano para criar um filtro na internet.

“O governo propôs que todo conteúdo sexual fosse bloqueado pelos provedores, não apenas para crianças, mas adultos também. Eles acreditam que isto atingiria 10 mil sites, mas eles obviamente não têm acessado a internet nos últimos tempos. Uma proposta de um filtro para a internet é um grande exemplo de por que nós precisamos de um Partido do Sexo”, afirma.

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