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quinta-feira, 23 de julho de 2009

Opinião: Diploma não faz de ninguém um profissional

Decisão do STF pôs fim à exigência da graduação na área para jornalista.
Para os profissionais de verdade, sempre haverá espaço no mercado.
Foto: ARte G1

Recentemente, e de forma até surpreendente, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pelo fim da exigência do diploma de jornalismo para o exercício da profissão. Significa dizer que, a partir de agora, para ser jornalista não é necessário ter graduação na área. Pode parecer estranho, mas já acontecia na prática de essa profissão ser exercida por pessoas sem formação prévia.

Apesar de muitos terem aplaudido a decisão visto que, de certa forma, essa exigência limitava a liberdade de expressão, outros foram contra, principalmente estudantes de jornalismo.

Para eles não deve estar sendo nada fácil cursar uma carreira cuja profissão não exigirá mais que a tenham cursado. Até porque, para os que estão em formação e pegaram a transição, tudo fica muito nebuloso. O que está por vir? Se sair da faculdade e encarar o mercado de trabalho não é fácil, mais difícil ainda quando se tem esse fato novo para digerir.


A impressão que talvez tenha ficado é que agora qualquer um que queira pode realizar uma reportagem ou escrever um editorial, tornando o mercado de trabalho uma terra de ninguém. Ora, não é bem assim. E nem o diploma garante isso. Pelo contrário.

O diploma não faz de ninguém um profissional em qualquer área. Esse vai ser construído durante a faculdade e para além dela. Ela é apenas o início de tudo. E quem quiser ser jornalista e começar cursando essa carreira na graduação com certeza estará num bom caminho. A não exigência do curso de graduação na área não invalida aquele que o fizer. Com certeza, ele estará em vantagem em relação a outras pessoas sem essa formação.

Isso já acontece com outra profissão que assim como jornalismo, excluindo as carreiras militares, foi a mais concorrida na Fuvest no ano passado – publicidade e propaganda. Para ser contratado como publicitário por uma empresa, não há necessidade de ter o diploma.

Aqueles que são contra a medida defendem que o exercício da profissão não é só emitir opinião sobre algo, é também transmitir informações. E isso exige seriedade e preparo, um senso ético apurado. As faculdades preparam seus alunos para isso _essa é uma preocupação que deve existir sempre. Há casos históricos de informações confusas e danosas.

Para ir ao encontro a essa necessidade, algo já existe nas empresas de comunicação, principalmente nas de grande porte, que é a orientação dada aos seus profissionais para o exercício de sua atividade jornalística. Talvez elas terão que ser mais rígidas com isso, pois são as responsáveis pelo seu produto final. Mesmo assim, aquele que tiver uma formação prévia vai estar em vantagem.

Oficial

Não é fácil lidar com essas novidades, mas essa medida só veio oficializar algo que já existia. Para aqueles que querem ser jornalista o caminho é, sem dúvida, cursar a graduação em jornalismo e não se intimidar com essa não exigência do diploma para exercício da profissão.

Para os profissionais de verdade, sempre haverá espaço, o que não significa simplesmente ter um diploma e, sim, se construir dia a dia, encarando desafios como esse e acompanhando as mudanças, sem nunca esquecer quem realmente se é e o que se quer.

(Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga)

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