Documentário traz de volta a saudosa TV Manchete - Confira o Teaser

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

4 >>> GERUNDISMO ESTÁ CERTO

"Você vai estar lendo essa reportagem com atenção." Calma. Antes de fechar a revista com raiva, veja esses dados: um levantamento entre a população de Brasília mostrou que 4% fala esse tipo de frase, e 95% delas são usadas em situações formais. E nenhuma dessas pessoas era atendente de telemarketing. Parece que o gerundismo não é uma praga e nem sai só da boca das telefonitas.

Na verdade, ele é uma estrutura correta e normal no português do Brasil, que chegou por aqui junto com as caravelas. "Desde que português é português, essa estrutura está aí. E não está errada", afirma a linguista Patrícia Tavares, que pesquisou o assunto na Universidade de Brasília. "O problema é que, ao ser muito utilizada pelo telemarketing, um serviço chato, ela também começou a incomodar os ouvidos." O gerundismo aparece mais nas relações que os linguistas chamam de assimétricas, entre pessoas que não são íntimas, mas também não são desconhecidas. "Usar o futuro soa arrogante, então a opção é essa construção, que não parece tão autoritária", diz Patrícia.

"E daí que esse negócio não tá errado? É feio!"

5 >>> RODÍZIO COLOCA MAIS CARROS NAS RUAS

Proibir alguns automóveis de circular um dia na semana aumenta o tráfego. Quanto mais carros são proibidos de circular, mais congestionamento nas ruas e mais poluição no ar. "Restrições como o rodízio de São Paulo criam incentivos para as pessoas comprarem outros carros", diz o economista Lucas Davis, que analisou o Hoy No Circula, o programa de rodízio mexicano semelhante ao paulistano. Morando na capital do México, Lucas tinha a impressão de que, ao deixar seu carro na garagem durante um dia da semana, ele não diminuía os congestionamentos ou ajudava na qualidade do ar. Intrigado, já que fazia parte dos 20% de carros da cidade proibidos de sair, ele foi atrás dos números.

E eles revelaram que, além de os níveis de poluição permanecerem constantes, houve um aumento no registro de veículos de 325 mil unidades no primeiro ano após o início do programa, há 20 anos. E a maioria desses carros recém-comprados eram latas-velhas, sem manutenção e mais poluidores. Ou seja, em vez de deixar o carro em casa, a população prefere comprar um veículo velho e sair com ele no dia da proibição. É por isso que, mesmo durante o período de rodízio, São Paulo registra recordes de congestionamentos. E a qualidade do ar não mudou tanto nos últimos anos. "Decisões como a implantação desse tipo de medida deveriam ser baseadas em análises detalhadas de custos e benefícios para a cidade e para seus habitantes", diz o economista.

LEITURA DINÂMICA: No Brasil, apenas 20% dos alunos da 8ª série e 24% do último ano do ensino médio têm notas satisfatórias de leitura

"Que rodízio que nada, o melhor plano para melhorar o trânsito de São Paulo é fechar a Argentina e transformar aquilo num grande estacionamento."

6 >>> COMER MUITO NÃO ENGORDA

Será que as pessoas estão mais gordas porque comem mais? Uma pesquisa da Universidade de Harvard, nos EUA, afirma que não. Elas engordam porque os alimentos ganharam mais calorias, e não porque são consumidos em maior quantidade. Exemplo é a batata. Antes da Segunda Guerra, batata frita era coisa rara, difícil de ser feita. Então, nos anos 50, surgiram os descascadores de legumes, as panelas de fritura e os produtos já cortados e congelados. E hoje, as fritas são o gênero de batata dominante no mundo. Ou seja, a mesma comida de hoje engorda mais que a dos anos 20.

Para os autores da pesquisa "Por que os americanos estão mais obesos?", o grande problema é que os alimentos são altamente processados e deixam mais calorias disponíveis para a população - que acaba comendo o mesmo, mas engordando mais. "A cada 30 minutos ganhos no preparo dos alimentos, o Índice de Massa Corporal [padrão internacional para detectar a obesidade] aumenta meio ponto", diz o economista Jesse Shapiro, um dos responsáveis pelo estudo. Sua equipe descobriu que, nos últimos 30 anos, a população continua tão sedendária quanto antes, gasta a mesma energia para trabalhar e no caminho até o escritório, come porções iguais e, mesmo assim, ganhou 10 quilos. No entanto, o tempo para preparar comida diminuiu 20 minutos, ou 100 calorias a mais por dia.

SEM BARRIGA: A fórmula dos economistas para emagrecer: gaste os 20 minutos ganhos na preparação dos alimentos em exercícios diários

7 >>> NÃO VALE A PENA ECONOMIZAR A ÁGUA DO PRÉDIO

Basta olhar a conta de água do condomínio. Quantas vezes você pagou menos porque economizou água? "Consumindo menos água, o morador do prédio faz um favor a todos", afirmam Carlos Eduardo Gonçalves e Mauro Rodrigues em seu livro Sob a Lupa do Economista, lançado mês passado pela editora Campus-Elsevier. "Contudo, ele ganha pouco com isso. Mesmo que todos os outros moradores estejam tomando banhos curtos, o melhor para cada um ainda é tomar banhos demorados, pois a conta é dividida."

No livro, os economistas buscam desmistificar fatos da realidade a partir de análises econômicas, mais ou menos como Steven Levitt e Stephen Dubner fizeram no livro Freakonomics. Um dos alvos são as contas de água dos condomínios, mostrando que quem se sacrifica para tomar banhos curtos, na verdade, não ajuda na economia geral e ainda acaba pagando pelo banho dos outros. Você pode até gastar menos o recurso natural, mas não o seu dinheiro. A mesma teoria serve para explicar as contas salgadas do bar quando os amigos se reúnem. Por essa lógica, economizar só vale a pena se a conta for individual. Assim, ninguém paga pelo desperdício de todos.

"Todo mundo pode aprender a economizar água com os franceses: banho de jeito nenhum."

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