Documentário traz de volta a saudosa TV Manchete - Confira o Teaser

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O que fazer quando o filho não quer ir à aula

Opinião: Pais devem evitar dar sermão em criança que não quer voltar à aula

É natural que os mais novos demorem mais para se adaptar à escola.
Às vezes, mal entendido com professor ou colega pode tê-los fragilizado.

Foto: Arte G1

As férias estão no final. Algumas escolas pensam em prolongá-las devido à nova gripe. Mas, de qualquer maneira, fim de julho, início de agosto, a criançada já está se preparando para voltar a estudar. Pouco a pouco a rotina vai tomando sua forma.


Apesar de as crianças gostarem muito desse período de descanso e reclamarem do seu final, sentem falta do dia a dia na escola, principalmente de seus colegas, pois nem sempre eles mantêm o contato.

Brincar o tempo todo e não ter nada o que fazer também acaba incomodando se isso perdura. Assim, vão sentindo a necessidade de voltar aos seus afazeres.
Porém, algumas crianças são mais resistentes e não querem voltar para a escola. Esse comportamento é observado nas mais novinhas, embora não seja exclusividade delas.

Às vezes, pode ser apenas um momento de desânimo, uma certa preguiça. E é bom os pais ficarem atentos. Mesmo percebendo isso de antemão, devem dar chance para a criança se expressar sobre o porquê de não querer voltar.


Ouvindo-a, poderão perceber se realmente é má vontade ou não. Se for esse o caso, ninguém precisa fazer estardalhaço. Afinal, quem nunca teve uma certa preguiça um dia?! Considerar o que falou, validando o que disse, ajuda a criança a se sentir compreendida e a pensar sobre o assunto. Porém, quem dará a palavra final serão os pais: ela tem um compromisso com a escola, professores e colegas e retornará, sim, ao colégio.


Nada de discursos muito prolongados sobre futuro, profissão e mercado de trabalho. Com os pequenos, o melhor é tratar das coisas num tempo mais próximo. Para eles, o momento de serem profissionais, por exemplo, está muito distante, não tendo problema algum em ficarem sem essa obrigação por um período.


Nem todos que resistem o fazem por preferirem ficar descansando mais um pouco. Têm aqueles que estão com real dificuldade de voltar à escola. São esses que costumam dar um certo trabalho no pós-férias. E cada caso deve ser olhado com atenção.


No início da escolarização é natural que as crianças demorem para se adaptar ao novo ambiente. Para elas deixarem suas casas é muito sofrido. É como se fosse uma ameaça de abandono. À medida que crescem, que sentem a segurança de que mamãe e papai irão buscá-las, as coisas se tornam mais fáceis e elas ficam bem.


Tem criança que, mesmo já há algum tempo na escola, apresenta ainda esse comportamento resistente por não ter elaborado bem essa separação. Pode estar acontecendo algo diferente: a culpa e o incômodo que os pais sentem por deixá-la numa instituição educacional, como se a tivessem abandonando, interferindo em sua adaptação -o que temos feito cada vez mais cedo.


Crianças em geral gostam da escola. Sentem prazer em aprender, brincar e estar com outros de sua idade. Os pais têm que estar mais seguros de suas ações. Os filhos precisam disso. É necessário assegurá-los de que tudo ficará bem, que enquanto os pais trabalham, eles estarão na escola, e depois todos ficarão juntos -bem como valorizar os estudos no seu lado prazeroso. Contar de seus trabalhos e fazer perguntas sobre o dia deles é um modo de trazer o colégio para dentro de casa e participar dele.

Agressividade

Outros, porém, de repente não querem ir. Expressam sua vontade com muita certeza e até agressividade. Muitas coisas podem estar ocorrendo com essa criança. Às vezes, são coisas bem claras, como a morte de alguém ou a separação dos pais. Se não for esse o caso e a criança não disser o que a aflige, é bom conversar com a escola e ver como foram as coisas no final do semestre anterior. Algum mal entendido com um professor ou colega pode tê-la deixado fragilizada.


Se a questão for identificada, uma boa conversa e compreensão do que está acontecendo, do seu sofrimento, poderá ajudá-la muito. Nada de obrigá-la ou levá-la arrastada à escola. Caso as coisas não sejam claras, a ajuda de um profissional, que pode ser alguém da própria instituição e que ela tenha confiança, ou um psicólogo ou psicopegagogo, poderá ser útil.


É importante que os filhos, nas mais diversas situações, sintam que seus pais estão ao seu lado. Boa volta às aulas!

(Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga)

Nenhum comentário:

Postar um comentário