O presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, foi escolhido nesta quarta-feira pela revista Time "personalidade do ano" de 2008, superando o secretário do Tesouro americano, Henry Paulson, e o presidente da França, Nicolas Sarkozy.
"Por sua segurança na hora de acenar com um futuro ambicioso neste período sombrio, e por sua capacidade de mostrar qualidades que dão aos americanos a esperança de que ele terá sucesso nesta missão, o presidente eleito é a personalidade do ano da Time", justificou a revista americana.
Henry Paulson, secretário americano do Tesouro e autor do plano de 700 bilhões de dólares destinado a salvar o sistema financeiro, chegou em segundo lugar, à frente do presidente francês Nicolas Sarkozy, da ex-candidata republicana à vice-presidência Sarah Palin e do cineasta chinês Zhang Yimu, mestre de cerimônia dos Jogos Olímpicos de Pequim.
A Time, que elegera no ano passado o russo Vladimir Putin, destacou que escolhe sempre "a ou as personalidades que tiveram mais influência sobre o mundo e sobre nossas vidas, tanto de forma positiva como negativa".
Em uma entrevista concedida à revista, Barack Obama reconheceu ter conquistado em 4 de novembro "uma vitória decisiva" sobre seu adversário republicano John McCain, mas fez questão de manter a modéstia. "Os americanos não querem um presidente pretensioso", explicou.
Observando que recebeu "um mandato claro para a mudança", Obama, que assume oficialmente no dia 20 de janeiro, disse esperar "um ano complicado em 2009", devido à recessão mundial.
"Se fizermos as escolhas certas, acho que conseguirei limitar os danos em 2009 e ver em 2010 o início de uma trajetória ascendente para a economia", comentou.
O autor da matéria sobre Sarkozy é o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, que qualificou o chefe de Estado francês de "força da natureza, longe de um dirigente político tradicional".
"Ele tem energia, idéias e vitalidade de sobra, como mostrou em sua maneira de lidar com a crise georgiana e a recessão mundial", observou Blair. "Esse verdadeiro líder é capaz de tomar decisões, e de aplicá-las. Ele percebe os problemas, e quer resolvê-los. Melhor ainda: ele acha que pode conseguir", argumentou.
Para o ex-premier britânico, que mantinha relações pouco amistosas com o ex-presidente francês Jacques Chirac, Sarkozy "recolocou a França no mapa". "Ele tem uma verdadeira estatura mundial. As pessoas podem concordar ou discordar de suas idéias, mas não podem ignorá-lo", resumiu, enaltecendo a reaproximação franco-britânica ensaiada pelo Eliseu (sede da presidência francesa).
Representante do Quarteto para o Oriente Médio, Blair considerou que Paris pode desempenhar um papel importante nas negociações de paz entre Israel e os palestinos, por ter se posicionado como "um amigo" do Estado hebreu.
Durante a presidência francesa da União Européia, "a Europa pareceu falar com uma única voz", sobretudo na Geórgia, onde Sarkozy negociou um cessar-fogo, ressaltou Blair, para quem "a Europa tinha uma voz, uma presença, uma política".
Sobre Henry Paulson, a Time elogiou o piloto de uma intervenção do Estado na economia "sem precedente na história dos Estados Unidos, com exceção, talvez, da Segunda Guerra Mundial".
Em se tratando de Sarah Palin, a revista enalteceu "uma mulher que relançou a campanha de John McCain e provou que uma mãe de cinco filhos podia se lançar numa carreira política de envergadura nacional".