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sexta-feira, 12 de outubro de 2012

A Copa do Mundo de 2014 e o legado para o Rio



Por Fernando Borges
(Foto: Divulgação)
Para realizar um grande evento uma cidade precisa se organizar, e isso não será diferente com o Rio de Janeiro. A menos de dois anos para a Copa, a capital fluminense vive os desafios de como não fazer feio fora de campo. Projetos em parceria com os governos municipal, estadual e federal focam na infraestrutura, turismo e educação. Basta andar um pouco pela cidade para perceber que ela se tornou um canteiro de obras, mas e os demais municípios do Rio, qual legado para eles?
Desde que o Brasil foi anunciado como sede da Copa do Mundo de 2014, muito se especulou a respeito do impacto que o evento vai gerar na economia brasileira.  Um estudo realizado pelo governo no ano de 2010 apresenta os reais efeitos do torneio para o desenvolvimento do País.
De acordo com o levantamento, ele terá força para atrair uma torrente de recursos. O estudo, encomendado pelo Ministério do Esporte e executado pelo Consórcio Copa 2014, concluiu que o Mundial tem potencial para gerar investimentos de R$ 185 bilhões.

Evolução dos investimentos diretos
Período
Valor em Bilhões (de reais)
2010-2011
16,5
2012-2013
17,9
2014
13,4
Fonte: Ministério dos Esportes

Apenas em projetos de infraestrutura civil, que incluiu principalmente construção de estádios, melhoria dos aeroportos e adequação urbana, o Brasil receberá R$ 33 bilhões, valor que corresponde ao dobro dos investimentos feitos na África para a Copa de 2010. O levantamento também revelou que 78% dos investimentos deste setor serão provenientes dos cofres públicos.

Onde será aplicado em infraestrutura
ONDE
Valor do investimento (em bilhões de reais)
Portos
0,7
Saúde
1
Hotelaria
1,9
Segurança
3,6
Telecom/TI/Energia
3,8
Aeroportos
4,8
Estádios
5,6
Mobilidade Urbana
11,5
Fonte: Ministério dos Esportes

As obras de infraestrutura para Copa podem ser sentidas principalmente no estado do Rio de Janeiro, que também receberá as Olimpíadas em 2016. O aumento da demanda por produtos, serviços e até mesmo imóveis faz com que o metro quadrado da cidade seja o mais caro do país. Segundo dados do índice FipeZap, o valor médio dos imóveis na cidade subiu 1,2% durante o mês de setembro, alcançando R$ 8.358. O valor desbanca o Distrito Federal como cidade mais cara para se comprar apartamento, região em que a média pesquisada foi de R$ 8.143. Bairro mais valorizado do Rio, o Leblon registrou o valor recorde de R$ 18.332. Na segunda colocação, o metro quadrado de Ipanema alcançou R$ 16.984, e em terceiro, a Lagoa Rodrigo de Freitas, com R$ 14.795.
O Servidor Público, Alessandro Schezer, sentiu na pele esse aumento. Ele alugava um apartamento de cinqüenta metros quadrados no bairro do Flamengo. O aluguel que segundo Alessandro já era caro passou a ser absurdo e fez com que ele se mudasse para São Cristóvão.
“O Aluguel foi de R$1.800 para R$3.000, o preço é tão alto que já tem quatro meses que a dona está tentando alugá-lo e não consegue. Recentemente ela até baixou o preço para R$2.500, mas até agora não apareceu nenhum interessado,” diz.
Para o prefeito reeleito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, isso mostra o quanto o Rio está valorizado, mas ele ressalta que ainda é preciso investir mais no turismo e em obras que serão um legado para o povo carioca.
"O mais importante da Jornada Mundial da Juventude, da Copa das Confederações, da Copa do Mundo e das Olimpíadas é consolidar a cidade do Rio de Janeiro como um destino de qualidade". Assim, o prefeito resumiu a importância de grandes eventos para o Turismo da capital fluminense em discurso feito logo após o resultado nas urnas, quando comemorava no bairro de Madureira.
O Rio de Janeiro se destaca entre as cidades-sede da Copa de 2014 que estão recebendo investimentos na infraestrutura para o transporte. O governo federal disponibilizou cerca de R$ 30 bilhões para melhorar o trânsito e a qualidade do transporte coletivo nas grandes cidades.
"A mobilidade urbana do Rio se dá pela construção de vias só para ônibus, investimentos no metrô e trens e o tempo de locomoção será reduzido nos quatro corredores que estão sendo construídos. Cerca de dois milhões de passageiros vão usar o serviço. A meta é dobrar o número de usuários do transporte público até 2025. O prazo final para entrega das obras é a Olimpíada de 2016", explicou o prefeito.
Com a linha expressa BRT Transoeste já em funcionamento e a Transcarioca e a Transolímpica com obras adiantadas, apenas a linha Transbrasil ainda não começou a ser construída, o que está previsto para acontecer em junho de 2013.
Turismo

Prefeito Eduardo Paes (Foto: Divulgação)
O prefeito também comentou sobre três decretos com isenção fiscal para benefícios ao setor hoteleiro e outras áreas com vistas à realização da Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016. O pacote de incentivos fiscais inclui a instalação de novos hotéis com isenção de IPTU durante a construção dos estabelecimentos e redução da alíquota do ICMS para 0,5% para serviços voltados para essas obras. A compra de terrenos também terá isenção de ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis).
Além de benefícios fiscais, o pacote da Copa e das Olimpíadas libera algumas áreas da cidade para a construção de empreendimentos hoteleiros, como as avenidas das Américas, Ayrton Senna e Salvador Allende, na Barra da Tijuca, e áreas dos bairros do Alto da Boa Vista, Guaratiba, Ilha do Governador e Flamengo, entre outros. Para incentivar novos hotéis nos bairros de Copacabana e Leme, parâmetros urbanísticos foram alterados. Ainda será permitido construir apart-hotéis no Centro e na área portuária.

E como estão os outros municípios do Rio no quesito infraestrutura?
Atravessar uma rua ou até mesmo passear por uma calçada são tarefas nada fáceis em diversos bairros de Duque de Caxias. Nossa reportagem percorreu algumas ruas do município e encontramos de buracos, árvores a até enormes pilhas de lixo colocadas em locais que impedem a travessia de qualquer pessoa.
Lixo em Duque de Caxias (Fernando Borges)
E pra você que acha que o problema é registrado em bairros longe do grande Centro do município está bem enganado. A foto ao lado, por exemplo, foi tirada em um cruzamento próximo a uma rodoviária que fica na principal região de comércio da cidade, local com grande fluxo de carros e pessoas. O trânsito confuso também favorece os acidentes na região.
“As ruas são mal sinalizadas, toda semana você vê alguém ser atropelado por aqui. A gente não consegue atravessar direito, são muitas vias e os idosos são os que tem mais dificuldades.” Dono Odacir, moradora do Bairro Itatiaia.
Ruas e Calçadas esburacadas (Fernando Borges)
Na foto vemos duas mães e a tentativa de atravessar uma calçada cheia de buracos e desníveis. A mulher que carrega o carrinho de bebê é Tatiana Soares, com 25 anos de idade ela conhece bem o problema:
“Eu tenho que fazer malabarismo todos os dias. Os carros não respeitam ninguém, alguma coisa precisa ser feita já!”
Para o Morador do bairro Vila São Luís, João Carvalho, 58 anos, o legado da Copa só chegará para a capital, em especial a Zona Sul:
“Apesar dos jogos serem na capital acho que todo o estado deveria ganhar as melhorias, principalmente no que diz respeito aos transportes. Trabalho no Centro do Rio, e para chegar até lá é uma tortura, seja no trânsito ou no trem.”
Em nota a Prefeitura de Duque de Caxias diz que trabalha com ações que visam melhorar a cidade. Sobre a má conservação das ruas e calçadas, o município diz que faz o recapeamento das estradas regularmente e que a conservação das calçadas é de responsabilidade dos moradores. Já o governo do estado disse que existem diversos projetos na área de transportes para a Baixada Fluminense, e que os trens novos da SuperVia já estão rodando em grande escala.

Segurança nos Jogos
A polícia brasileira também está se preparando para a chegada da Copa do Mundo. Acostumada a combater o tráfico de drogas, agora ela tem uma nova preocupação: o terrorismo. A Pesquisadora Sabrina Evangelista Medeiros, da Escola de Guerra Naval, é uma das responsáveis pela parte de gestão de crise do curso para a Copa e Olimpíadas. Segunda ela, cerca de 2000 agentes de segurança pública serão formados até 2016 (dentre bombeiros, policiais militares, policiais civis, delegados, agentes do metrô, Cet-Rio, Infraero e etc).
“O terrorismo tem sido tema das simulações, como a feita pelo Centro de Jogos de Guerra da Escola de Guerra Naval em 2010 para o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, a pedido da Organização dos Estados Americanos (OEA), como parte das exigências de teste do plano de ação do Brasil para este caso,” disse.
Uma das simulações aconteceu no dia 09 de outubro no estádio do Engenhão, na zona norte do Rio. A ação teve o objetivo de preparar os agentes para cuidar da segurança da Copa do Mundo, em 2014, e dos Jogos Olímpicos, em 2016.
Os policiais participam do Curso de Capacitação de Operadores em Segurança de Grandes Eventos e Segurança Turística (Cogest). No treinamento, foram simuladas situações em que há reféns e ataques a autoridades. Foi usado um helicóptero da Polícia Civil para que os agentes treinassem como retirar autoridades de áreas de risco. Atiradores de elite, membros do esquadrão antibomba e negociadores da Polícia também participaram da simulação. 

Esperança para estudantes de Comunicação

Com a chegada dos grandes eventos na cidade maravilhosa muita gente está esperançosa em conseguir uma ótima oferta de trabalho, em especial os estudantes de comunicação social que acreditam em uma explosão de vagas no mercado da informação.
A Estudante de Comunicação Social da Universidade do Rio de Janeiro (Uerj), Thais Gomes (à esquerda da foto), sonha alto com as possibilidades de  emprego na área em que estuda antes e depois da Copa:
“A copa vai trazer mais visibilidade para o Brasil. Assim como a gente conhece mais a cultura e os costumes de outros países quando eles são sede de uma copa, os turistas que vierem para o Brasil também conhecerão mais do nosso povo. A partir daí, novas ofertas de negócios são abertas – acho até que tem a chance de abrirem mais agências de informação no Brasil, mais canais de TV, sites na internet, isso tudo gera emprego e quem sabe eu não esteja entre as novas vagas,” afirma.
Colega de classe de Thais, a estudante Lina Soares (à direita da foto), também está confiante com o futuro que não só a Copa do Mundo, mas também as Olimpíadas vão proporcionar para os cariocas. Moradora do Caju, a jovem está apostando em cursos de idiomas para melhorar ainda mais sua formação. “Hoje saber falar inglês não é um fator diferencial, praticamente todas as vagas pedem uma ou mais línguas”, confirma.

Cursos gratuitos
E é para tentar suprir essa demanda que foi criando o Pronatec Copa. O programa do governo federal oferece 240 mil vagas em turmas de treinamento para trabalhadores estratégicos para a realização da Copa do Mundo de 2014 e da Copa das Confederações, no ano que vem. Todos os cursos são grátis.
Para o ministro do Turismo, Gastão Vieira, o Pronatec Copa será responsável por um dos maiores legados da Copa do Mundo de 2014. Ele disse à imprensa na cerimônia de lançamento do programa, realizada em junho, em Brasília, que os cursos de qualificação promoverão uma melhora significativa no atendimento dos serviços turísticos do país.
“O governo e o mercado estão atentos à oportunidade de melhorar o turismo nacional. O nosso crescimento passa necessariamente pela qualificação dos nossos profissionais”, afirmou.
As vagas do programa estão divididas entre cursos técnicos e de idiomas. São 30 tipos de cursos técnicos disponíveis, que vão de copeira a sushiman, de camareira e garçom. Também estão abertas vagas em cursos de Inglês, Espanhol e Libras. Podem fazer os cursos pessoas com mais de 18 anos. Para se inscrever em algum dos cursos oferecidos, basta o candidato acessar o site do Pronatec Copa (pronateccopa.turismo.gov.br)

Exemplo fora do Rio
Já para Diego Schueng, estudante do último ano do ensino médio, é preciso se especializar para não perder nenhuma oportunidade.  Ele que tem 17 anos acredita que os reflexos da Copa vão além do eixo Rio-São Paulo. Morador de Belo Horizonte (MG), o estudante usa a internet para divulgar seus trabalhos na área de edição. “Quanto mais 'gordo' e preparado seu currículo melhor será quando for bater na porta de alguma empresa. A Copa do Mundo será a chance de mostrar se você é realmente bom naquilo em quer atuar,” disse.
Diego Schueng (de pé na foto - Arquivo Pessoal)
Pensando nisso, Diego começa em novembro um curso avançado na área de edição de vídeos. Segundo o estudante, é preciso aproveitar o momento. Ele e outros estudantes farão o curso de edição gratuitamente e ainda receberão uma bolsa de R$200,00 por mês como ajuda de custo. A iniciativa chamada de “Plug Minas” é uma parceria do governo de Minas Gerais com algumas empresas privadas e já beneficiou mais de 20 mil jovens. O estado inclusive criou uma secretaria especial para a Copa, a chamada Secopa tem o objetivo de acelerar obras e projetos que vão trazer benefícios à sociedade.

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