Preços das sepulturas variam de R$ 20 mil a R$ 65 mil.
Como não há vagas, reserva de cova só 24 horas de antecedência.
Cemitério São João Batista está saturado
No Rio de Janeiro, perder alguém querido pode ser mais doloroso do que se imagina. E o motivo não é a apenas a violência, mas a superlotação e a má conservação dos cemitérios.
A situação tem atormentado famílias que precisam dos serviços da Santa Casa de Misericórdia, única administradora dos 13 cemitérios da capital. Há casos em que os parentes precisam reservar a cova ou gaveta com 24 horas de antecedência. De acordo com funcionários, vagam apenas dois ou três lugares em cada unidade por dia. Procurada pelo G1, a Santa Casa não se pronunciou.
Além do reduzido número de vagas, a falta de concorrência eleva o preço da compra de sepulturas e praticamente iguala o valor dos alugueis de gavetas e covas rasas em todos os cemitérios. O preço das sepulturas varia de R$ 20 mil a R$ 65 mil. O aluguel das gavetas fica em torno de R$ 150.
Os cemitérios
No Cemitério São João Batista, em Botafogo, Zona Sul do Rio, um dos mais valorizados da cidade, não há vagas. A direção do local não informa preços, diz que apenas a Santa Casa pode fornecer os valores. E acrescenta que é preciso ligar no dia seguinte ao óbito para saber, logo pela manhã, se há disponibilidade de vagas. “Conseguir sepultar no mesmo dia do óbito é impossível”, explica o funcionário, que pediu para não se identificar.
No Cemitério de Jacarepaguá, Zona Oeste da cidade, a situação é semelhante. Não há sepulturas nem para comprar, nem para alugar. Também não há vagas em gavetas. “Para conseguir um lugar é preciso ligar com 24 horas de antecedência e mesmo assim a oferta é mínima”, diz um atendente, comentando que nesta quarta-feira (17) havia apenas duas sepulturas que já haviam sido reservadas na noite anterior. O valor gira em torno de R$ 25 mil. O aluguel sai por R$ 221.
Sepultura parcelada
Em Irajá, a falta de vagas também é uma constante, mas o cemitério facilita o pagamento. Uma sepultura de R$ 27 mil pode ser parcelada em dez vezes de R$ 1.100 com uma entrada de R$ 16 mil. O aluguel de gavetas sai por R$ 150 em praticamente todos os cemitérios, mas conseguir uma vaga é questão de sorte.
No Cemitério de Ricardo de Albuquerque, no subúrbio do Rio, havia apenas uma sepultura disponível para alugar na terça-feira (16). Funcionários informaram que na quarta (17) a oferta era nula e que na quinta existia a possibilidade de surgir uma gaveta para alugar, mas não deram certeza. O valor é R$ 151.
Em Campo Grande, Zona Oeste a situação também não é muito diferente. “Ligando de manhã não se acha mais nada para alugar. É preciso reservar à noite para o dia seguinte”, informou uma funcionária. Ela garantiu que há sepulturas para comprar, mas é preciso pagar R$ 20 mil e esperar pela construção que pode durar até 24 horas.
Maior da América Latina
Uma das únicas exceções na capital é o Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, na Zona Portuária. Um dos maiores da América Latina, o lugar tem mais de um milhão de sepulturas. Apesar da oferta, o funcionário alerta para os altos preços. “Quanto mais perto do portão, mais caro, podendo chegar a R$ 65 mil”, diz. “O melhor é alugar uma sepultura por R$ 1.500 e depois de três anos transferir os ossos para um jazigo, que vai custar R$ 17 mil”, ensina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário