MEC propõe que vestibular das federais seja unificado pelo Enem
Marcos Henrique, 17 anos, fez o SAT para estudar em uma universidade americana
Aos 17 anos, Marcos Henrique Tavares Rosa, passou por um estresse diferente do enfrentado pela maioria dos estudantes de sua idade. Em vez de prestar vestibular, focou seus estudos em matemática e inglês e fez duas provas, que usou para tentar vaga em seis universidades americanas.
A primeira delas foi o SAT Reasoning Test (teste de raciocínio, numa tradução livre), exame americano nacional que é aplicado também no exterior. A prova tem questões objetivas e discursivas de matemática e de interpretação de textos, além de uma redação, com o objetivo de avaliar o pensamento crítico do candidato.
O SAT é usado pela maioria das universidades dos Estados Unidos como um dos critérios para o ingresso de estudantes e serve de inspiração para o Ministério da Educação (MEC) elaborar o novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e propor o vestibular unificado das universidades federais. Como têm autonomia, a adesão depende das próprias universidades. Algumas já se manifestaram, mas boa parte deve ter uma definição até o fim de abril ou início de maio.
O objetivo do MEC com a nova prova é avaliar as habilidades dos candidatos, mas com um conteúdo mais aprofundado. Serão 200 questões, divididas em quatro grandes eixos (linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas), e uma redação.
SAT
Existente desde a década de 40, o SAT é aplicado sete vezes ao ano nos EUA e seis vezes no exterior por uma instituição chamada College Board . No início, SAT era a abreviação para Scholastic Aptitude Test (ou teste de aptidão acadêmica). A partir da década de 90, passou a ser chamado de SAT Reasoning Test ou, simplesmente, SAT 1).
“Na verdade, a exigência do SAT é uma parte do processo de seleção para o ingresso nas faculdades”, afirma Thais Burmeister Pires, coordenadora do Centro de Educação EducationUSA da Alumni, que é o centro oficial do governo americano para orientação de estudo nos EUA. “São avaliados também o histório escolar do aluno, o envolvimento em atividades voluntários e cartas de referência de professores”, explica.
Além do SAT 1, algumas universidades também pedem o SAT Subject Test, conhecido por SAT 2, em que o candidato escolhe duas ou três matérias específicas.
Foi o caso do estudante Marcos, que também fez essa prova. “Como eu queria engenharia, fiz provas de matemática e espanhol”, conta. “Foi menos puxado do que fazer vestibular, mas fiquei muito ansioso até receber uma resposta das instituições.” Ele foi aceito em três e escolheu estudar engenharia na Universidade de Michigan, onde começa em agosto.
Há um outro exame nacional nos Estados Unidos que também é aceito pelas universidades, o ACT , mas o seu conteúdo é mais focado em conceitos teóricos do que o SAT.
Para universidades americanas, nota alta em exame não é suficiente
Além do SAT, instituições dos EUA avaliam o histórico escolar.MEC usa modelo de prova como inspiração para o novo Enem.
Vestibulandos fazem prova
Uma nota alta no SAT, exame americano que é usado pela maioria das universidades dos Estados Unidos como um dos critérios para o ingresso, não é garantia de aprovação na instituição. Outros fatores são levados em conta também. A prova, que é aplicada nacionalmente e até no exterior, serve de modelo para o Ministério da Educação reformular o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
“Além da nota, o perfil do estudante é analisado porque a instituição está atrás dos outros talentos que ele tem. Ele não é avaliado somente em um ou dois dias de prova, mas ao longo de um período", afirma Thais Burmeister Pires, coordenadora do Centro de Educação EducationUSA da Alumni, que é o centro oficial do governo americano para orientação de estudo nos EUA.
"Como as notas tiradas no high school, que equivale ao nosso ensino médio, são consideradas no processo seletivo, a preocupação em ir bem na escola começa desde cedo”, diz. Segundo ela, não existe uma nota de corte para o SAT, mas as universidades costumam colocar as médias obtidas pelos estudantes que foram admitidos.
O aluno pode fazer o SAT em qualquer momento. É possível, por exemplo, fazer a prova para testar o seu desempenho quando estiver no primeiro ano do high school, nível de escolaridade equivalente ao ensino médio brasileiro, só que com quatro anos de duração. Depois, o estudante pode refazer o exame para tentar melhorar a sua nota, que varia numa escala de 200 a 800. A validade do exame é de cinco anos.
"Em geral, os alunos fazem o SAT um ano antes de terminar o High School, porque as universidades começam a selecionar com bastante tempo de antecedência. E, se ele for esperar terminar a escola para fazer a prova, pode ficar para trás”
Para Thais, que trabalha com orientação de estudantes há 15 anos, esse sistema de processo seletivo é muito mais interessante e funciona melhor do que simplesmente se levar em conta uma única prova. “Acho que o novo Enem é o início disso e pode contribuir para uma reforma educacional, mas faz toda a diferença quando outros fatores são avalidos também.”
Uniformização
A ideia de ter um exame nacional como acontece nos Estados Unidos é positiva na opinião da educadora Eunice Durham, pesquisadora do Núcleo de Pesquisa de Políticas Públicas da Universidade de São Paulo. No entanto, ela ressalva que uma prova única não contempla a diversidade de conteúdo que, segundo ela, o ensino médio deve ter.
“Não dá para uniformizar demais. Acho que é importante estabelecer conteúdos mínimos que todo estudante deve saber. Os alunos têm perfis e interesses diferentes. Eles deveriam poder escolher algumas disciplinas da prova para fazer, por exemplo.”
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