O presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, fará na terça-feira um dos discursos de posse mais aguardados da história, com o desafio de tranquilizar os norte-americanos quanto à perspectiva de recuperação econômica.
O discurso, a ser proferido na escadaria do Congresso logo após ser empossado, às 12h de terça-feira (15h de Brasília), será a melhor oportunidade para que ele apresente seus objetivos na Casa Branca diante de uma enorme audiência.
Num momento em que milhões de norte-americanos estão sem emprego, a economia está paralisada e o país está envolvido em guerras no Iraque e no Afeganistão, há expectativas de sobra quanto ao discurso, no qual Obama trabalha há semanas
"O discurso irá descrever o momento em que estamos e o espírito necessário para emergir da crise ainda mais fortes e unidos do que antes", disse o porta-voz de Obama, Nick Shapiro.
Ex-redatores de discursos presidenciais prevêem que Obama evitará apresentar uma lista com várias propostas. Em vez disso, usará seu dom oratório para descrever os desafios do país e propor uma saída.
"O pronunciamento de posse é um discurso em que um presidente começa com os primeiros princípios e estabelece uma direção para o país", disse Jeff Shesol, que redigia discursos para o ex-presidente Bill Clinton.
"Ele define um momento no tempo. Dá a sensação de quem ele é, como vê este momento, e aonde acha que devemos ir", afirmou.
E não são só os norte-americanos que vão parar na terça-feira para ouvir o novo líder. Gente do mundo todo está interessada.
INSPIRAÇÃO
Obama tem lido discursos de posse de seus antecessores para buscar inspiração. Dos mais de 50 já proferidos, poucos passaram à posteridade. Entre os mais conhecidos estão o de Abraham Lincoln em 1865, já no final da Guerra Civil, em que ele prometeu "não ter malícia para com ninguém"; o de John Kennedy em 1961, quando ele afirmou que "a tocha foi passada à nova geração de norte-americanos"; e o de Franklin Roosevelt em 1933, no auge da Grande Depressão.
Obama, grande fã de Lincoln -- que era de Illinois, onde o novo presidente fez carreira --, disse ao jornal USA Today que o melhor discurso de posse foi o daquele presidente do século 19, com Kennedy em segundo lugar, e que o de Roosevelt não o impressionou particularmente
Quanto ao seu próprio pronunciamento, afirmou estar razoavelmente satisfeito. "Mas ainda podemos fazer alguns consertos".
"Meu trabalho neste discurso é apenas lembrar às pessoas da estrada que percorremos e das probabilidades extraordinárias que já superamos. Passamos por tempos mais duros antes, e vamos passar por estes", disse o presidente eleito.
Michael Anton, que escreveu discursos para o ainda presidente George W. Bush, disse que Obama deveria tentar evitar um excesso de promessas.
"Ele está surfando nesta grande onda, e tem muitos seguidores radicais que acham que o sol vai surgir em 20 de janeiro e que o mundo será um lugar fundamentalmente diferente", disse Anton. "Acho que ele precisa moderar as expectativas."
O acadêmico Thomas Schwartz, especialista em questões presidenciais na Universidade Vanderbilt, disse que um desafio para Obama será como sugerir um recomeço sem ser agressivo demais com Bush, que estará sentado ao seu lado.
"Ele não quer começar com uma crítica excessivamente dura a Bush", disse Schwartz.
O discurso consumiu muito tempo e energia. Assessores disseram que Obama começou a realizar reuniões para discutir os temas na semana anterior ao feriado de Ação de Graças, em novembro. Seus interlocutores foram o redator Jon Favreau e o "superassessor" David Axelrod.
O primeiro esboço saiu no começo de dezembro, e o trabalho continuou nas semanas seguintes. No último fim de semana, Obama editou e escreveu longos trechos por conta própria.
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